São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 1994
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Belgas e japoneses dão o tom da temporada

COSTANZA PASCOLATO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM PARIS

Em Paris, o verdadeiro tom da novidade, do que esta por vir na moda de vanguarda, se estabelece nos primeiros cinco dias de desfiles (no total são dez). Com exceção de Chanel, que continua ditando pequenos truques de estilo para renovar uma fórmula vencedora, todos os olhos se voltam para os ``modernos".
Dela fazem parte a ``escola japonesa", com Comme des Garçons (de Rei Kawakubo) e Yohji Yamamoto, e a chamada ``escola belga", com Martin Margiela, Ann Demeulemeester e Dries van Noten. A diferença fundamental é cultural. Mas também há que se considerar o fato de que os belgas, mais novos, captam o espírito dos novos tempos. Os japoneses, grandes estilistas, não passaram impunemente pelos anos 80. Vestir-se, para eles, é também armar um espetáculo particular, em que a roupa é a grande protagonista.
Os belgas vestem pessoas como eles próprios. Gostam de roupa, mas ela vai sempre ser apêndice da personalidade de quem a veste e não o contrário. Passada a onda do desconstrutivismo, esta estação é fundamental para entender que caminho eles estão trilhando.
A surpresa é agradável. Margiela, Van Noten e Demeulemeester afinaram a silhueta e encurtaram as saias (pelo joelho e logo abaixo). Mas o importante é que reduziram os ``espasmos". Não dá para ser moderno e arrastar as saias por aí.
Uma característica comum aos belgas é a de gostar de retrô. Mas não o retrô escolado dos japoneses, que imaginam ``reconstruir" roupas de alta-costura gênero Dior, Saint Laurent, Balenciaga. Os belgas, como os jovens, entendem de retrô de brechó, de baú da mãe, da tia.

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