São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 1994 |
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Belgas fazem melhor desfile
COSTANZA PASCOLATO; MARTIN MARGIELA
O mais radical. Mostrou sua colecão primavera-verão no Théatre de la Portinire. Sentados na platéia, juntamente com as modelos (sim, as modelos), o público assistiu a vídeos que mostravam o lançamento simultâneo da coleção passada, de inverno, em lojas na Europa, Japão e EUA. Corta. Acendem-se as luzes e as modelos (na verdade, apenas amigas do estilista não-profissionais) sobem ao palco e desajeitadamente mostram a nova coleção. A de agora. Aplausos e assobios. A silhueta é alongada, reta e ajustada. ``Assemblage" de roupas, sobreposições. Nos pés, espécie de escarpins feitos em pelica de luvas. Desenha-se o dedão. A forma é inspirada na da meia japonesa, a que vai com sandália de dedo. Os tops são sempre pequenos e estreitos. Malhas fininhas, com fios de lurex prata em ``twin-sets" ajustadinhos. O espartilho é reduzido a uma tira sobre o busto em cima da camiseta. Calças em jérsei de viscose brilhantes usam-se por baixo de uma saia pelo joelho também reta. O blazer cinturado, com ombros no lugar. É o mesmo do inverno. Sinal da permanência de um estilo, uma nova estação significa somente a mudança da composição das peças com uma ou outra nova e mais marcante. DEMEULEMEESTER Talvez o melhor desfile, até agora. A silhueta se aproxima da do austríaco Helmut Lang (outra influência maior, contemporânea), longa e estreita. Mas tem mais suavidade. As cores são o preto, o branco, o pérola. Só. Paletós curtos e mais longos em crepe desenham o mais lindo torso. As calças, retas, têm uma listra na lateral, mostrando a pele. Saias e vestidos acariciam o corpo e param no joelho e abaixo. Camisas, sua especialidade (copiadas no mundo todo), estão pequenininhas, em cambraia branca ou veludo preto e conservam gola e punhos grandes. Transparências vem em rede rústica fina. T-shirts e blusas têm mangas provisórias acessórios removíveis. No final, as modelos desfilaram só com as mangas e calças compridas cobrindo os seios com as mãos. Crepes contrastam com tecidos mais encorpados, ligeiramente trabalhados em ``espinha-de-peixe". Uma coleção usável e sedutora. Moderna na medida certa. (CP) Texto Anterior: Belgas e japoneses dão o tom da temporada Próximo Texto: Jornal promove debate sobre Bienal de Arte Índice |
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