São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 1994
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Exército dá proteção à apuração no Rio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pediu ao Exército auxílio no policiamento da 25ª zona eleitoral do Rio, onde a apuração registrou fraudes em 50% das 860 urnas. Na eleição do dia 3, a 25ª recolheu 380 mil votos.
O corregedor-eleitoral do Rio, Paulo César Salomão, disse ontem que dois juízes de zonas eleitorais são investigados pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Eles são suspeitos de conivência com fraudadores de votos. Salomão disse que, mesmo suspeitos, os juízes continuam trabalhando.
A ajuda dos militares foi pedida ontem, após uma funcionária da zona ter interceptado telefonema em que dois homens se diziam do grupo criminoso CV (Comando Vermelho) e falavam da intenção de ``tombar" o juiz eleitoral Luiz Fux, presidente da 25ª.
Tropas da Vila Militar (Deodoro, zona oeste) devem, a partir de hoje, policiar o grêmio Procópio Ferreira (Santa Cruz, zona oeste), clube onde funciona a apuração da 25ª zona.
A ameaça contra o juiz assustou a segurança. Foi pedido reforço à Polícia Militar e intensificada a fiscalização na entrada do grêmio. Aonde ia o juiz Fux era seguido por quatro seguranças armados.
Fux comunicou a ameaça à direção do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio. O TSE foi alertado e acionou o Exército.
O pedido de tropas feito pelo ministro Sepúlveda Pertence, presidente do TSE, ao ministro do Exército, Zenildo de Lucena, foi encaminhado ontem mesmo ao Comando de Operações Terrestres, em Brasília.

Linha cruzada
Fux disse crer na história contada pela funcionária, ``que é de absoluta confiança". Ela relatou que às 7h30, em sua casa em Santa Cruz, ao pegar o telefone ouviu uma linha cruzada em que um homem avisava a outro sobre o assassinato do juiz.
O aviso teria sido o seguinte: ``É a mesma parada de ontem. Ordem direta do CV. Tem que tombar hoje, mas só o Fux. Ou na Igreja Universal (em frente ao local de digitação) ou no grêmio ou no motel Sepetiba (onde o juiz está hospedado)".
Santa Cruz é o mais distante bairro da zona oeste carioca. Fica a 70 km do centro do Rio e é um tradicional reduto do PDT. Parte destes votos se transferiram para o ex-pedetista Marcello Alencar, candidato do PSDB ao governo estadual.

Nova fraude
Uma nova fraude pode ter sido descoberta na 25ª. Um boletim de urna recolhido por Fux estaria fraudado a favor de Márcio Fortes (PSDB), candidato a deputado federal. O juiz disse não estar convencido da fraude, mas que ela será investigada caso o TRE devolva o boletim.
A presença de 99 votos para Fortes em uma urna levantou suspeitas sobre a fraude. Na verdade, Fortes teria nove votos. À frente do número nove teria sido colocado um outro nove. A soma de votos também teria sido adulterada.
O PDT pediu ontem formalmente ao TRE a recontagem de todos os votos no Estado.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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