São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 1994
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PM teme ação de gangue em júri

DANIELA PINHEIRO; PAULO MOTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O julgamento de Luciano Pinheiro de Souza, 21, acusado de participar da morte do estudante Marco Antônio Velasco, começou ontem em clima de tensão.
A Polícia Militar reforçou a segurança do Tribunal de Júri do DF por suspeitar que integrantes da gangue Falange Satânica pudessem tumultuar o julgamento.
Na madrugada de ontem, foram feitas 38 pichações, supostamente pela gangue, na quadra 316 norte, onde Marco Antônio morava e foi assassinado.
Os pichadores escreveram ``Carcaça", ``405 norte" (onde se concentra a gangue) e ``FS" (abreviação de Falange Satânica). A polícia acredita que as pichações sejam uma forma de intimidar os familiares da vítima.
Em agosto de 93, Marco Antônio, 16, foi morto a socos e pontapés por 11 integrantes da gangue.
Nove acusados (quatro menores de idade) foram julgados e condenados. A pena de todos somada chega a 82 anos de prisão.
Outros dois estavam foragidos. Anteontem, a polícia prendeu em Fortaleza (CE) o professor de capoeira Breno Gustavo Santiago Martins, 19. Ele nega participação no crime (leia texto ao lado).
Ontem, durante seu julgamento, Pinheiro também negou ter participado do crime. Ele disse ter perseguido dois amigos de Marco Antônio que se esconderam em uma igreja na 316 norte.
``Quando voltei para o carro, já tinha acontecido tudo", disse ao juiz César Laboissiére. A promotoria vai apresentar quatro testemunhas que afirmam ter visto Luciano espancar Marco Antônio.
Pinheiro era o único dos 11 acusados a conhecer Marco Antônio. Eles jogavam futebol juntos no recreio do colégio Alvorada, na 916 norte. Seu julgamento está previsto para terminar às 11h de hoje.
Breno Martins deve ser julgado daqui a um mês. De todos acusados, ele é o que tem álibis mais fortes para provar sua inocência.
Ele diz que no momento do crime estava fazendo compras com a mãe no supermercado O Tigrão, na quadra 402 norte. A versão foi confirmada por uma caixa.
Martins foi preso em 93, mas foi libertado porque não havia provas suficientes. A promotoria recorreu e a prisão foi novamente decretada em março passado.
Procurado através de um cartaz com sua foto, espalhado por todo o país, ele estava em Fortaleza desde março. Martins deve chegar em Brasília hoje.

* Colaborou PAULO MOTA, da Agência Folha em Fortaleza.

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