São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994 |
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Enéas tem 15 vezes mais votos do que em 89
VINICIUS TORRES FREIRE
O Prona também elegeu pelo menos três deputados estaduais (dois no Rio, um em São Paulo) e na sexta-feira ainda tinha esperanças de reconduzir Regina Gordilho (RJ) à Câmara. Até 23h de sexta ainda faltavam ser contados 2% dos votos no Rio. Além disso, segundo Gordilho, a fraude no Estado tirou votos do Prona suficientes para a reeleger. Fraudes e apuração incompleta levaram Enéas a se calar sobre as perspectivas do Prona. Segundo Milton Melfi, do diretório regional paulista, ele só vai falar depois que conhecer a ``verdadeira dimensão que as urnas vão dar ao partido". As urnas podem dar dor de cabeça a Enéas, apesar dos seus 4,6 milhões de votos. O Prona teve este ano cinco vezes mais tempo no horário eleitoral devido à adesão de Gordilho, ex-PDT. Pode ficar sem a deputada e sem a fatia de TV que soube aproveitar bem. Em 1989, Enéas disputou a Presidência com outros 21 candidatos. Teve 15 segundos na TV e 0,5% dos votos –203 votos por segundo. Agora, o desempenho do cardiologista acreano foi proporcionalmente três vezes melhor. Nesta eleição, Enéas também trocou a imagem folclórica e de fenômeno de marketing pela de líder de um partido com posições atribuídas à extrema-direita: Estado forte, ordem e nacionalismo. Deu resultado. Conseguiu 11,6% no Rio de Janeiro, taxa próxima à média obtida nas capitais do Norte do país. O recorde no Rio é significativo. O general Newton Cruz (PSD), que disputou o governo do Estado com posições semelhantes, teve 14% dos votos. A nova imagem também pegou no partido, se se considera o número de votos na legenda um indicador de adesão política. Em São Paulo, 96% dos votos para deputado federal do Prona foram na legenda. Faltaram dez mil deles para levar dona Diva (da Silva Nascimento, 5.586 votos) a Brasília. Enéas também teve mais votos agora do que 15 presidenciáveis nanicos, ou nem tanto, de 89 –na lista estão Roberto Freire, Aureliano Chaves e Ronaldo Caiado. Regina Gordilho nega que o partido seja direitista: ``Somos um partido nacionalista e de cidadãos –elegemos um pipoqueiro no Rio (Blandino Amaral). Não temos os vícios da política e somos votados por isso e não por protesto." Para Gordilho, a fraude na eleição do Rio confirma o programa do Prona: ``É preciso ordem para haver progresso, como está na bandeira nacional." Texto Anterior: Taxa de abstenção cresce com migrações Próximo Texto: Cardiologista admira Fidel Índice |
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