São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 1994
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PT delega a estados decisão sobre 2º turno

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O Diretório Nacional do PT decidiu delegar às seções estaduais do partido a decisão de apoiar ou não candidatos no segundo turno.
A decisão foi tomada graças a acordo entre grupos de esquerda, centro e direita do espectro petista. A proposta vencedora, articulada por Rui Falcão (presidente do partido), teve 35 votos.
Uma segunda tese, dos grupos de extrema esquerda e parte da esquerda petista, teve 15 votos.
A proposta do grupo radical restringia o eventual apoio do PT a candidatos que pertençam ao ``campo democrático-popular" e excluiria o aval a tucanos que disputam o segundo turno.
O deputado Eduardo Jorge (SP) apresentou, e teve apenas a adesão do senador Eduardo Suplicy (SP), a proposta que defendia a tomada de posição imediata sobre as sucessões em São Paulo, Minas, Pará, Bahia e Rio
Na prática, Jorge queria o aval já aos candidatos do PSDB nos três primeiros Estados da lista.
A resolução aprovada é ambígua. Afirma que um dos objetivos no segundo turno é ``qualificar amplamente a oposição ao governo central e projeto neoliberal". Mas admite que a ``realidade política" nos Estados tem peso nas decisões.
Em outro ponto, a resolução veta alianças com partidos de ``direita". Falcão não quis responder se o PT pode apoiar, por exemplo, Epitácio Cafeteira (PPR), que disputa o governo do Maranhão.
Mas Gilberto Carvalho, secretário do PT, foi claro. ``Se o diretório maranhense quiser apoiar Cafeteira terá autorização", disse.
A decisão, que dá autonomia aos diretórios estaduais, no entanto, está sujeita a um ``monitoramento" de uma comissão da Executiva petista que deve ser formada por Falcão, Carvalho, Aloizio Mercadante e Luiz Eduardo Greenhalgh.
No início da noite de sábado, Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso acenando para as duas alas petistas que estão digladiando.
Para agradar aos radicais, criticou a diferenciação entre os ``sem-voto" (membros dos grupos radicais que naufragaram nas urnas) e os ``com voto" (parlamentares dos setores moderados que obtiveram boa votação).
Lula, na parte do discurso que agradou os ortodoxos, minimizou a importância da falta de alianças mais amplas em sua campanha.
No aceno aos moderados, criticou a idéia de fazer oposição total a FHC, não descartando a possibilidade de o partido apoiar alguns projetos de interesse do governo.
Eduardo Jorge criticou a decisão sobre o segundo turno. ``O diretório confirmou a tradição murista e lavou as mãos", declarou.

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