São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 1994
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Confronto entre sem-teto e PM fere 31 em Limeira

DA FOLHA SUDESTE

Um confronto entre 200 sem-teto de Limeira (156 km a noroeste de SP) e policiais militares deixou 31 feridos, entre eles 17 são PMs. Nenhum ferido foi internado.
O padre Geraldo Rondelli, representante dos sem-teto, foi autuado em flagrante por incitação ao crime. Um carro da PM foi destruído a pedradas.
O confronto aconteceu às 8h de sábado, quando 60 homens da PM invadiram o prédio de uma escola em construção no centro de Limeira, ocupada pelos sem-teto desde as 21h de sexta-feira.
Os sem-teto fazem parte do grupo de 250 famílias que foi retirado do loteamento Ernesto Khul, perto do aeroporto de Limeira, na última quinta-feira.
Segundo o vereador Antonio Montezano Neto (PSC), 34, que acompanhou o conflito, o tumulto começou quando a polícia chegou e ordenou a retirada das famílias.
``Os ocupantes do prédio reagiram e tentaram defender o padre, o que foi interpretado pelos policiais como um ataque", diz Montezano.
Ele afirmou que a polícia começou a bater nos sem-teto com cassetetes. O grupo de ocupantes teria reagido com pedradas.
A partir daí, o tumulto foi generalizado e só acabou com o uso de oito bombas de gás lacrimogêneo.
Segundo o tenente Victor Waldemar Raweri, 50, da PM de Limeira, a polícia invadiu o prédio porque os sem-teto haviam se recusado a cumprir um acordo que teria sido feito na noite de sexta para a desocupação.
Natal Marsari Neto, 19, integrante do grupo de apoio aos sem-teto, disse que os ``acampados" haviam recusado a proposta e decido permanecer na escola até hoje.
As famílias foram levadas para a catedral de Limeira, onde esperam por uma reunião com o prefeito Jurandyr Paixão (PMDB). O clima era tenso na manhã de ontem, mas não houve novos conflitos.
O prefeito, que havia conseguido a retirada dos sem-teto do terreno municipal na quinta sob alegação de que ele está irregular, irá conversar hoje com os sem-teto.
A informação é de seu chefe de gabinete, Gabriel Chamma Júnior, que culpou vereadores de oposição e padres que apóiam os sem-teto pela confusão de sábado.

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