São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 1994
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Desconto do novo IOF começa amanhã

RODNEY VERGILI
DA REPORTAGEM LOCAL

Amanhã, terça-feira, os bancos começam a descontar das aplicações financeiras, feitas depois do dia 4, a tributação pelas novas regras baixadas pelo governo.
A nova regra (que combina IOF e Imposto de Renda) buscou impedir que investidores pudessem reduzir a incidência do tributo fazendo casar o prazo da aplicação com os dias de virada do valor da Ufir (Unidade Fiscal de Referência). Desde a nova moeda, a Ufir deixou de variar diariamente.
Apesar das mudanças na tributação, os dirigentes financeiros consultados pela Folha recomendam os fundos de commodities como a melhor alternativa para as aplicações nesta semana. Para quem pode assumir algum risco, as Bolsas são também uma alternativa.
O dólar e o ouro continuam sendo rejeitados como opções de investimento. Neste mês, até a última sexta-feira, o preço do grama do ouro na Bolsa de Mercadorias & Futuros já acumulou baixa de 6%. O dólar paralelo acumual queda de 2,84% no mês.
Para quem precisa fazer aplicações com prazo inferior a 28 dias (as mais tributadas), as alternativas são os fundos carteira livre e os fundões. Para o investidor que tem exatos 28 dias para aplicar, a alternativa é o fundo de renda fixa DI, que acompanha de perto as oscilações dos juros.
Os depósitos nas cadernetas hoje devem render 3,3% em novembro. É um pouco acima do rendimento bruto (de 3,2%) esperado para os fundos de commodities.
A vantagem dos fundos é a possibilidade de saque diário, após o período de carência de 30 dias.
O mercado financeiro está trabalhando com expectativa de inflação este mês entre 2,5% e 3,0%.
Abramo Douek, diretor do Banco Cidade, associado ao Banque Nationale de Paris, diz que uma alternativa interessante no momento é garantir os juros elevados através da compra de CDBs (Certificados de Depósito Bancário).
Ele observa, porém, que as taxas dos CDBs variam muito nas agências dependendo do valor a ser aplicado.
As instituições estão criando alternativas para quem aceita correr risco em troca de uma rentabilidade superior aos 3% da renda fixa.
O Banco Dibens lançou, por exemplo, o fundo de commodities Dibens-Linear, que tem a gestão centrada nos mercados futuros de índices, opções e ações.
O fundo rendeu 12,8% em setembro, bem acima, portanto, da média do mercado (3,5%). Neste mês até o dia 13, o índice da Bolsa paulista registrou uma queda de 9,84% e os administradores conseguiram uma perda menor para o investidor (3,47%).
A administração do fundo está a cargo dos profissionais do banco em parceria com a Linear Administração de Patrimônio, do ex-presidente do Banco Central Ibrahim Eris.
Ricardo Salvador de Almeida Lopes, diretor do Banco Dibens, diz que o fundo de commodities representa uma oportunidade para clientes com quantias disponíveis acima de R$ 5 mil de participarem das operações com mercados futuros, que antes eram privilégio de investidores institucionais (bancos, fundos).
A estabilidade econômica está estimulando o aumento no leque de produtos para os clientes, principalmente em fundos, diz Luis Largman, diretor do Banco Patente. Há uma tendência de que fundos com uma parcela de ações ganhem cada vez mais espaço.
O Banco Patente fez com que a gestão de fundo de ações se baseie em análises fundamentalistas (balanços das empresas) e em operações voltadas para os mercados futuros. No mês passado, o fundo rendeu 32,95%, contra 2,90% do índice Bovespa.
Nos fundos direcionados para o mercado acionário o potencial de ganho é grande, mas o investidor tem que ter sempre presente a possibilidade perder.
Douek diz que o pregão de hoje da Bolsa paulista deverá ficar um pouco mais agitado, por causa do vencimento do mercado de opções. Ele entende que, a médio prazo, a perspectiva é de alta.
Entre os setores com melhores perspectivas no mercado acionário, ele cita: alimentos, comércio e siderúrgico.

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