São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 1994
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O rock brasileiro precisa mesmo é de profissionais

ANDRÉ FORASTIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA

O mercado pop-rock brasileiro acabou, alegam algumas pessoas do ``meio" musical. Pois bem, atenção para estes números: até o final do ano, vão sair pelo menos 50 lançamentos brasileiros, todos na praia desta coluna (que é de rock no sentido mais amplo, e portanto inclui reggae, rap, metal, industrial e tudo mais que eu resolver considerar rock).
Esse número, 50, é resultado de um primeiro levantamento. Certamente deve ter muito mais, nos guetos específicos.
Primeiro as grandes. A Sony tem Skank, Mulheres Q Dizem Sim e Cidade Negra. O Plug-BMG tem Ataliba, a Firma e Pato Fu. A BMG ``mesmo" tem Engenheiros do Hawaii. A Warner propriamente dita tem Barão Vermelho, Paulo Miklos, Zélia Dunca e O Rappa. O Banguela tem Little Quail & The Birds, Mundo Livre S.A., Kleiderman, Party Up e a coletânea curitibana ``Alface".
A Eldorado tem Soul Of Honor, Unidade Bop, Código 13, Não Religião e Golpe de Estado. A Roadrunner vai de Killing Chainsaw, Garage Fuzz, Lethal Charge, Zero Vision e Viper.
A Paradoxx sai de Pavilhão 9 e Sólon Fishbone. A Cogumelo está com Dorsal Atlântica, Sarcófago e Yellow fante. A Cri Du Chat tem o Harry e mais uma coletânea ``Minimal Synth Ethics".
O selo Radical Records investe em Volkana, Piveti e Tubarões Voadores. A Tinitus tem Worubu, Nasi e os Irmãos do Blues, Normad, Anarchy Solid Sound e Música Ligeira. A carioca Rock It! lança Vertigo e Low Dream.
E ainda temos Taciana (pela Natasha), Beach Lizzards (pelo novo selo Polvo), IML, Psycho Drops, Exhort, The Pills, Noxcet, o novo dos Pin Ups.
Se você não reconheceu a maior partte dos nomes não se preocupe: a maioria está no primeiro ou segundo lançamento.
O volume de lançamentos é suficiente para calar a boca de qualquer um que se atreva a não acreditar no rock brasileiro. Ou não? O que falta para o mercado de rock brasileiro decolar de vez é gente querendo ganhar dinheiro com o rock brasileiro. Não caras idealistas, que o idealismo puro e simples some na primeira falta de recursos.
É preciso gente a fim de virar profissional da área, com talento, disposição e cara de pau para inventar o mercado rock brasileiro. A fim de virar empresário, promotor de show, produtor de clip, dono de casa noturna, de selo, ter programa de rádio e de TV, revista, esquemas especiais de distribuição, o que for.
Ah, mas será que tem público?
Duas informações para pensar. Primeira: o primeiro disco do Skank vendeu mais de cem mil cópias. Segunda: o primeiro disco dos Raimundos vendeu, até agora, quase 40 mil.
E show? Olha, sábado retrasado, teve ``Superdemo" no Aeroanta. A última banda era o Party Up, que por enquanto só tem demo. Eles entraram às três 3 meia da manhã, saíram mais de quatro e quinze e o Aeroanta estava completamente tomado. Acho que é um bom termômetro.
Se os artistas estão aí e o público também, a única coisa que falta é mais gente que leve os artistas até o público. Alguém mais se habilita?

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