São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 1994
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Filme inspira onda do "casal a três"

LARISSA PURVINNI
DA REPORTAGEM LOCAL

A geração anos 90 renovou o tradicional trângulo amoroso.
A relação ganhou nova versão cinematográfica com o filme "Três Formas de Amar", que traz um triângulo envolvendo universitários.
Entre os teens, os triângulos estão em alta com direito a formação de casais "a três".
No filme, uma garota (Alex) é colocada por engano no mesmo quarto de dois rapazes e se apaixona por Eddy. Mas Eddy ama Stuart e eles acabam se desencontrando.
Na vida real, alguns teens se envolvem em namoros "a três" em busca de "liberdade, variedade e diversão".
Os amigos Irapuan Ribeiro Júnior, 19, e Rodrigo Ramos, 17, ficaram interessados em Gui, 16, ao mesmo tempo. Resolveram não brigar.
O trio decidiu formar um casal "a três". O namoro –classificado por eles como "um rolo a três"– durou três meses no início do ano passado. "Foi uma época de ouro", diz Irapuan.
Gui ficava com os dois, mas nunca no mesmo dia. A relação sempre foi aberta e ninguém se incomodava.
"Eu sabia que ela ficava com ele e ele sabia que ela estava comigo. Eu nem ligava, era tudo em família", diz Irapuan.
Os amigos chegavam a conversar sobre Gui quando estavam juntos. "Para saber se ela falava a mesma coisa para nós dois", diz Rodrigo.
Agora Irapuan e Gui têm apenas um namorado cada. Rodrigo namora três garotas.
Segundo eles, a principal vantagem de namorar "a três" é a sinceridade. "Não tem esse problema: 'oh! desculpa, fiquei com outro'. Todo mundo sabe", diz Irapuan.
Mas namorar "a três" não é para qualquer um. "Precisa saber se apegar, sem ter ciúme." Também não vale se apaixonar.
"Uma das desvantagens é que não tem muito sentimento. Eu gostava dos dois, mas não estava apaixonada", diz Gui.
O namoro só terminou porque Rodrigo começou a namorar a sério e o trio se desmanchou.
Muitos teens dizem que dificilmente topariam um namoro deste tipo.
"Sou muito ciumenta. Se tivesse que dividir acho que matava a outra", diz Paula Siqueira Camargo, 13.
Apesar de tanta "modernidade", o tipo de triângulo mais comum ainda é aquele em que um dos vértices é traído.
Praticamente todo mundo já se viu envolvido em situações como essa.
"Eu namorava uma menina, mas viajava para o interior e ficava com outra", diz Luciano da Silva Alves, 18.
Ricardo Lopes dos Santos, 19, já viveu os dois lados da situação. "Já namorei duas ao mesmo tempo".
Hoje em dia ele é o "outro". "Fico com ciúme do outro, mas aceito. Gosto dela", diz.

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