São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
'Skinhead' irrita carecas e suas vítimas
DA REPORTAGEM LOCAL Os skinheads estão em cartaz novamente em São Paulo –literalmente. A estréia do filme ``Skinhead –Força Branca", há uma semana, reacendeu a polêmica entre carecas e seus opositores (punks, judeus, homossexuais, negros e nordestinos).Dez mil pessoas já viram o filme. No dia de estréia houve confusão. Segundo Expedito Loureiro, gerente do Marabá, ``Skinhead" fica em cartaz por mais uma semana, mesmo sob a ameaça dos carecas de depredar o cinema. Os cartazes do filme foram pixados com os dizeres ``fora neonazistas". Não se sabe quem foram os autores da pichação. O filme conta a história de um grupo de skinheads australianos que vive espancando ``invasores" vietnamitas. Há muita pancadaria e até um pouco de romance –entre um skinhead bonzinho (?) e uma integrante amalucada do grupo. A imagem dos neonazistas que é passada pelo filme tem irritado os carecas.```Vi o filme e odiei", diz o ex-careca X., que acaba de sair da prisão e não quis dar o nome. Para ele, o filme ``deturpa o movimento." ``Os carecas não são como esses caras do filme. É uma história boba. Odiei", disse. Os ``inimigos " dos carecas pensam diferente. Segundo o rapper e militante negro Big Richards, 21, os skins do filme e da vida real são iguais. ``Babacas", resume. Big Richards assitiu o filme a convite da Folha. Ele é o autor do rap ``Neonazista" (``Não dá para acreditar que no meu Brasil também existem neonazistas e essa doença se espalha pelo mundo"). O rapper conhece os carecas de longa data. ``Eles já quiseram me espancar no Circo Voador (casa de shows no Rio de Janeiro)." Outro rapper que quase levou uma surra foi Gabriel, O Pensador. Big Richard acha que os neonazistas brasileiros são parecidos com os personagens do filme, sem ideologia. ``Batem por bater, não se preocupam com ideologia." O militante acha que o filme não chega a ser pernicioso. ``Acho que os teens de hoje têm cabeça boa e não vão se deixar levar por uma bobagem como um filme que só fala de preconceitos", diz. Texto Anterior: Nadadora grunge faz sucesso na Alemanha Próximo Texto: Livro conta a história de punks e darks de SP Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |