São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 1994 |
 |
|
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Livro conta a história de punks e darks de SP
JOSÉ EDUARDO BARAVELLI
Não eram poucos, se reuniam no centro de São Paulo e eram chamados de punks e darks. Quem eram? Por que se expunham de uma forma tão agressiva? Só dez anos depois, com o lançamento de ``Cenas Juvenis", de Helena Wendel Abramo, alguém responde com honestidade estas perguntas. Resta saber porque esta história de pessoas que hoje beiram os 30 anos interessa aos teens. O livro não foi feito para adolescentes. Sua linguagem é acadêmica e a leitura difícil –afinal o livro é uma tese. Mas vale a pena. Está dividido em três partes. A primeira traz o levantamento bibliográfico e as referências usadas pela autora em sua pesquisa. A segunda mostra o berço dos punks e darks na cidade. Sua origem é tanto da periferia (punks), quanto da universidade (darks). A parte final é a melhor. No começo dos 80 os punks e darks aparecem como um movimento que, apesar da origem diferente, se encontram. Enquanto os hippies iam viver seu sonho no meio do mato, a ausência de sonhos dos punks e darks torna-se um espetáculo. Nem tanto pela música ou roupas. Mas por exigir que eles se desloquem para o coração da cidade grande e exponham lá a negação de conceitos que a sociedade insiste em atribuir ao jovem: esperança e irresposabilidade. O mérito do livro é mostrar que por trás de atitudes tão antisociais como a agressão e a melancolia, punks e darks tinham um imensodesejo de se expor. Por isso, ``Cenas Juvenis" é uma obra obrigatória para a geração que os sucedeu. ``Cenas Juvenis" –Helena Wendel Abramo. Editora Scritta, 159 páginas. R$ 15,00. Texto Anterior: 'Skinhead' irrita carecas e suas vítimas Próximo Texto: Desenhista brasileiro ilustra RPG nos EUA Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |