São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 1994 |
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Cruzada do feijão
NELSON DE SÁ
Passou a eleição e o real está fazendo água. Não só no feijão, mas na carne, nos automóveis com ágio, agora no café, que também vai ``subir de preço nos próximos dias", segundo a rádio Jovem Pan, ontem. Ciro Gomes, o ministro que ficou, tenta segurar os preços no grito, como é de seu feitio. ``Ciro ameaça elevar juros ao céu", citava a manchete do TJ, ontem, com o novo esforço de retórica do ministro. Enquanto isso, Fernando Henrique Cardoso, o ministro que se foi e o presidente que ainda vai demorar muito, anda por Moscou. ``O segundo dia de visita de Fernando Henrique foi dedicado exclusivamente ao turismo", registrou o TJ. Covas e o real Enquanto isso, o tucano que não levou no primeiro turno, Mário Covas, está acordando para a televisão. Ontem, no Jornal da Record, ele dizia que no segundo turno ``é óbvio que você vai ter que dar uma maior importância à televisão". Vai ser difícil, logo ele, que é do tempo dos comícios em praça, contra um animador de auditórios como o sorridente Francisco Rossi. Ainda mais difícil, agora que passou a eleição do colega tucano Fernando Henrique e o real está fazendo água, à vista de todos. Covas herdou parte da equipe que fez a propaganda de Fernando Henrique. Ao que parece, está acreditando na história de que foi tal propaganda que levou seu colega ao palácio. Não foi. Foi o real, só ele. Crise ``Justiça faz recontar mais de um milhão de votos no Rio." A informação do Jornal Nacional e o acontecimento em si, a fraude eleitoral, parecem ter vencido o que ainda havia de resistência. A crise do Rio de Janeiro, afinal, é reconhecida não mais como criação, como um mero jogo de imagem. Texto Anterior: PF libera suspeitos e gera crise Próximo Texto: Antiquercistas tentam se reorganizar Índice |
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