São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 1994
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Avião que caiu na BA era perfeito, diz ministro

DA FOLHA VALE E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Aeronáutica, Lélio Vianna Lôbo, afirmou ontem em São José dos Campos (interior de SP) que o C-130 Hércules que caiu no interior da Bahia estava em perfeitas condições.
O avião da FAB (Força Aérea Brasileira) caiu às 19h de sexta-feira em Formosa do Rio Preto (BA), a 1.002 km de Salvador. Os 21 passageiros, todos militares, morreram.
``O avião saiu com todos os equipamentos em perfeito funcionamento. Daí pra frente, só Deus sabe o que aconteceu", disse o ministro, após visita ao Centro Técnico Aeroespacial, em São José.
Parentes dos militares mortos disseram ontem no Rio, após a chegada dos corpos à Base Aérea do Galeão, que o C-130 Hércules deveria ter partido do Rio para Belém (PA) na quinta, mas uma pane teria adiado o vôo para sexta-feira.
A FAB está apurando as causas do acidente, que pode ter sido provocado por falta de manutenção técnica. O ministro disse que estabeleceu um prazo de 30 dias para conclusão das investigações.
Em entrevista na última sexta-feira em Brasília, horas antes do acidente com o Hércules, Lôbo disse temer pelo estado dos aviões brasileiros.
Ele mostrou-se preocupado durante uma visita ao Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo).
Segundo ele, a FAB tem 110 aviões parados à espera de manutenção e reposição de peças. Esse número corresponde a 13% da sua frota.
O Ministério da Aeronáutica espera a aprovação de um crédito suplementar de US$ 300 milhões pelo Senado para consertar os aviões.
``Vou gastar tudo para encher as prateleiras com peças de reposição", disse o ministro ao ser perguntado sobre o que fará com o dinheiro.
Segundo o ministro, a situação da Aeronáutica é grave. Nem o duodécimo do Orçamento, que deveria ser repassado mensalmente pelo governo, está chegando ao ministério. ``Não recebemos 60% do duodécimo", afirmou.
As aeronaves paradas comprometem o transporte de cargas, o treinamento de pilotos e as estratégias de defesa aérea desenvolvidas pelas Forças Armadas.
``Estamos nos adaptando às nossas restrições", disse o tenente-coronel Pereira Santos. A atividades da aeronáutica, segundo ele, estão se restringindo à medida em que as verbas vão diminuindo.
Segundo o ministro Lélio Vianna Lôbo, o ministério corre o risco de ter que, ainda este ano, adotar o meio expediente nos quartéis e repartições burocráticas para conter os gastos.
A medida adotada ano passado reduz, por exemplo, o número de refeições dos recrutas que são mandados para casa todos os dias, antes do almoço ou do jantar.

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