São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 1994 |
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Parentes protestam contra FAB
SÉRGIO TORRES
Às 12h, quando os caixões cobertos com a bandeira do Brasil começaram a ser retirados do avião que os trouxe da Bahia, os cerca de 1.500 parentes e amigos presentes à base começaram a gritar. ``Assassinos", ``queremos justiça" e ``vocês mataram eles" foram algumas das frases usadas pelas pessoas que aguardavam desde 7h a chegada dos corpos. A emoção e o calor de quase 40oC provocaram desmaios. Mulheres se agarravam ao caixões para espanto dos oficiais que tentavam dar ordem à confusão. Os parentes e amigos acusavam a FAB de usar aviões velhos e de não prestar a manutenção adequada. ``Queremos saber por que o avião explodiu e que carga de explosivos era essa que ele carregava", disse Sônia Regina Fernandes, tia do sargento Luiz Carlos Fernandes, 36, morto no acidente. A situação se acalmou durante a missa de corpo presente em memória aos mortos. ``Nós nunca vamos saber a causa oficial desta tragédia", disse Socorro Campos, tia do sargento José Carlos Barreto do Nascimento, 34, uma das vítimas. Sueli da Rocha Mendonça, víuva do suboficial Ivair Mendonça, criticou a Aeronáutica. ``Meu marido amava a FAB e ela não lhe deu valor. É uma irresponsabilidade viajar em um avião desses", afirmou. Os jornalistas foram mantidos fora da base. ``Se você visse o estado destes aviões, nunca mais ia querer voar", disse um dos soldados que vigiava a base e que não quis se identificar. Os caixões seguiram para cemitérios no Rio, Niterói (15 km da capital) e Itaguaí (80 km do Rio). Foi iniciada ontem uma articulação para uma ação judicial conjunta contra o Ministério da Aeronáutica. Parentes de 10 dos 21 mortos disseram que são favoráveis a cobrar indenizações na Justiça. (Sergio Torres) Texto Anterior: Avião que caiu na BA era perfeito, diz ministro Próximo Texto: Trem derrama 100 mil litros de combustível Índice |
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