São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 1994
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A opção Mário Covas

EMERSON KAPAZ

É evidente que teremos um segundo turno polarizado nas eleições de 15 de novembro. Em muitos Estados a população será convidada a escolher entre os representantes de um velho discurso populista, que mascara a utilização do Estado em favor de interesses escusos e localizados, e os que aspiram pela consolidação das mudanças econômicas e políticas na direção do Brasil que queremos.
Em São Paulo, não será diferente. De um lado, há um candidato, Francisco Rossi, que se apresenta como homem de fé e poderes sobrenaturais, mas desprovido de programa. Suas atitudes e seu apelo ao marketing fazem lembrar um Fernando Collor estadual. Seu destino também poderá acabar em impeachment.
Já Mário Covas tomou o cuidado de construir um programa de governo consistente cujo principal mérito é o da mobilização da sociedade para mudanças que induzam efetivamente à modernização econômica e social.
Tais mudanças começam pela gestão do Estado, que Covas pretende operar com eficiência empresarial. Pretende-se não apenas sanear financeiramente o Estado e fechar o cerco contra os sonegadores, como principalmente acabar com o desperdício de recursos públicos.
Um novo modelo de gestão será montado nos órgãos públicos permitindo ao contribuinte avaliar com exatidão o retorno dos impostos pagos em termos da qualidade dos serviços prestados. Privatizações e terceirizações serão operadas de modo a descentralizar a gestão e possibilitar uma melhor fiscalização pela população.
Loteamento de cargos, usurpação da máquina do Estado em favor de interesses particulares e ações eleitoreiras de qualquer espécie serão fortemente combatidas. A informatização será uma ferramenta poderosa para dar eficiência e transparência à administração pública.
Na área tributária, pretende-se negociar um pacto para ajustar as alíquotas dos impostos estaduais à evolução da receita tributária. Se por meio de um esforço de cidadania as metas da receita forem superadas pela arrecadação, haverá diminuição dos impostos. Se bem-sucedido, esse modelo pioneiro poderá inspirar a modernização tributária nos demais Estados e na União.
Na esfera educacional, o ensino básico será reformulado e modernizado. Ao mesmo tempo, o governo lutará pela recuperação da dignidade do educador e do professor, através de majoração salarial e parcerias com a sociedade civil organizada.
No campo da saúde, a ênfase será dada à gestão eficiente dos recursos, no aumento do financiamento do sistema unificado e na valorização dos profissionais da área. A meta maior será a intensificação dos cuidados preventivos, diminuindo a incidência de doenças que podem perfeitamente ser evitadas.
A ação do governo estadual na economia será voltada para modernizar a produção e induzir o desenvolvimento, gerando emprego. Tal direção será impressa, por exemplo, à agricultura, onde se planeja aumentar a área irrigada e expandir a eletrificação e a telefonia rural.
Os benefícios desse tipo de iniciativa ultrapassarão o mero aumento da produção agropecuária, pois haverá maior demanda por toda sorte de produtos e, consequentemente, oportunidades para a indústria, o comércio e os serviços em todo o interior.
Na esfera da indústria e do comércio, a ênfase será a mesma. Órgãos que pouco contribuem e apenas realimentam a si mesmos serão extintos. O Estado articulará os interesses de São Paulo em face das políticas federais de estabilização, juros, câmbio, energia, legislação de concessões, infra-estrutura.
É nesse contexto que se situa mais uma inovação: Covas pretende dar suporte às câmaras setoriais como mecanismos de articulação dos instrumentos de crédito, financiamento, tecnologia e emprego, em função de metas negociadas.
Junto com o setor privado, será criado um balcão de promoção da empresa paulista, com vistas ao mercado internacional e, em especial, ao Mercosul.
A mesma linha programática será seguida em outras áreas do governo, como abastecimento, ciência e tecnologia, cultura, desenvolvimento regional, energia, esporte, meio ambiente e transportes. Portanto, ao preferir Mário Covas, o eleitor estará formulando uma opção consciente por um programa de governo que efetivamente vá ao encontro dos anseios de São Paulo.
Vamos dar um basta à possibilidade de aventureiros ou curandeiros ocuparem cargos públicos relevantes da administração pública federal, estadual ou municipal. É urgente valorizar politicamente a candidatura Mário Covas que, além do compromisso ético, terá condições de dar eficiência à gestão de um dos maiores Estados do Brasil.

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