São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 1994
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FHC diz que PFL saiu muito enfraquecido da supereleição

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

O presidente eleito Fernando Henrique Cardoso emitiu ontem um primeiro sinal sobre a composição político-partidária de seu governo, ao dizer que o PFL ``saiu muito enfraquecido" da recente eleição geral.
Lembrou que o partido, que compôs com PTB e PSDB a coligação que o apoiou, não conseguiu eleger um só governador no primeiro turno do pleito.
O PFL ainda disputa o segundo turno em quatro Estados. Mesmo que ganhe em todos, fica com menos da metade dos nove governadores que elegeu em 1990.
As declarações de FHC foram dadas enquanto sua mulher, Ruth, fazia compras em uma loja de souvenirs do Hotel Metropol, em Moscou, no segundo dia da viagem do casal.
O presidente eleito aproveitou para repetir o que vem dizendo sempre: não houve qualquer negociação em torno de cargos para a montagem da coligação PSDB/PFL/PTB.
Antes, em uma conversa mais formal com os jornalistas brasileiros, na biblioteca da embaixada, FHC havia descartado a hipótese de se tentar fazer, já este ano, a revisão constitucional.
Depois de apontar as dificuldades para tal missão, comentou: ``Vou acabar perdendo uma batalha que não quis travar?"
O presidente eleito acha ``quase impossível" aprovar qualquer coisa este ano no Congresso. Lembrou que, até 15 de novembro, o mundo político estará envolvido no segundo turno.
Depois, virão as apurações e não sobrará tempo para nada, considerando-se os intervalos exigidos pela Constituição para a tramitação de emendas.
O que o presidente eleito defende é uma ampla negociação ``com o Congresso e a sociedade" em torno das reformas na Carta. ``Revisão constitucional é coisa séria demais para ser feita sem negociação", afirmou.
FHC não esconde a urgência na aprovação das reformas. ``Sei que o Brasil tem pressa, não só para manter a estabilidade (da economia) como para avançar na modernização do país e do aparelho de Estado", disse.
Mas acrescentou: ``Ou se faz uma coisa que tenha apoio ou vai ser um desastre".
O presidente eleito tratou em todo o caso de retirar dramaticidade da questão. Ele acha que ``não há razão para catastrofismo", dado que ``o Orçamento de 1995 está equilibrado e o Fundo Social de Emergência (FSE) vigora até o final do próximo ano".

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