São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 1994
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Major teria sido alertado sobre falha em avião

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Minutos antes de o Hércules C-130 da FAB (Força Aérea Brasileira) decolar sexta-feira à tarde da Base Aérea do Galeão, no Rio, o comandante do vôo, major Isael Machado, teria sido alertado de que havia um vazamento de óleo em uma das mangueiras do avião.
O alerta teria sido feito pelo mecânico de vôo e sargento da Aeronáutica Luis Carlos Fernandes, 29.
Apesar disso, o comandante decidiu decolar. Os dois -e outras 19 pessoas- morreram na explosão do avião, na região oeste da Bahia.
O caso foi relatado ontem à Folha por um mecânico de vôo que presenciou a conversa. O mecânico não quis ser identificado para não ser punido pela Aeronáutica.
Ele disse também que desde terça-feira o sargento Luis Carlos Fernandes vinha tentando reparar o defeito e estava com medo de fazer a viagem até Belém (PA) no avião.
A mulher de Fernandes, Olívia Fernandes, 26, disse que há cinco meses o marido havia sido preso por dez dias, porque teria se recusado a embarcar em um Hércules com defeito no sistema direcional.
Ele contou à mulher que, em seu relatório sobre o avião, teria colocado uma cruz vermelha –o que, no jargão da Aeronáutica significa que o avião não pode decolar. Depois de ter sido obrigado pelo comandante do vôo a embarcar, segundo Olívia, Fernandes passou dez dias preso na Base.
O sargento teria apresentado ao comandante da Base um pedido de reconsideração de sua punição, que teria sido negado através de uma carta.
``Nós temos que tirar peças de um avião e passar para outros. Não há compra de material de reposição", disse o mecânico.
Maria de Lourdes Fernandes, 49, mãe de Fernandes, disse que há cerca de seis meses o filho teria contado que havia sido obrigado a fazer o reparo na mangueira de um avião usando fita isolante.
O advogado Walmir Venâncio está reunindo as famílias dos tripulantes mortos para entrar com uma ação contra a Aeronáutica.

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