São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 1994
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Ser ou não ser (profissional)?

THALES DE MENEZES

Martina Hingis e Derek Kronemann são bem diferentes. Dois adolescentes que representam a polêmica: quando um garoto pode se tornar um tenista profissional?
Tcheca naturalizada suíça, Martina acabou de completar 14 anos, é delicada, baixinha (1,60 m) e tem rosto de boneca de porcelana.
Californiano filho de alemães, Derek tem 18 anos, 1,95 m, 96 kg e tatuagens nos dois braços.
Martina é notícia porque fez sua estréia no circuito profissional no Torneio de Zurique. Venceu dois jogos antes de cair diante de Mary Pierce por 6/4 e 6/0. Nada mal, já que Pierce é a nº 6 do ranking.
Derek é notícia porque a revista ``Tennis Week" publicou um perfil do rapaz, chamado na reportagem de ``o melhor tenista que o mundo não conhece". Explicando: Derek tem excelentes resultados, mas não se profissionalizou.
Ele ganhou fama quando foi escolhido para ajudar o treinamento da equipe norte-americana da Davis que enfrentaria a Índia, em julho. Ganhou dois sets seguidos de Michael Chang e um set em três que disputou contra Todd Martin.
Numa época em que garotos de 14 anos já tentam os torneios profissionais, Derek ainda está decidindo se vai entrar no circuito.
Ele diz que ainda é ``muito novo" para pensar em ganhar dinheiro. Mas já venceu em torneios juvenis jogadores que hoje têm até contratos de publicidade. Na idade dele, Becker tinha recebido mais de US$ 1,2 milhão em prêmios. ``Bom para ele, mas parece que o sujeito recebe ameaças de morte, não?", diz Derek, dando risada.
Essa displicência do garotão poderia ser explicada por ser filho de pais ricos. Mas Martina Hingis também é de família abastada e dá duro para encarar o circuito.
A garota tem empresário, secretária, psicólogo, preparador físico e, claro, treinador. Já Derek viaja sozinho para os torneios. ``Vou lá para fazer amigos e conhecer as garotas", diz. Atualmente está de técnico novo. Brigou com o antigo, que insistia em proibir o tenista de praticar seu segundo esporte favorito, o skate.
Martina fala aos jornalistas como um brinquedinho de corda, repetindo o que a mãe-empresária manda. Terá um grande futuro.
Derek Kronemann não deve ir muito longe no tênis, mas parece levar uma vida mais divertida.

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