São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994
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Ciro discute com direita, esquerda e centro

DA REPORTAGEM LOCAL

Em apenas uma noite, o ministro da Fazenda, Ciro Gomes, 36, se indispôs verbalmente com representantes do que se convencionou chamar de centro, direita e esquerda no espectro político.
Ciro participou anteontem à noite do debate ``O Brasil de FHC", promovido pela Folha, no auditório do jornal.
O ministro discutiu com o cientista político do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) Carlos Novaes e com os deputado federais Delfim Neto (PPR-SP) e Aloizio Mercadante (PT-SP).
``Estou querendo sair da armadilha que quiseram armar para mim aqui", disse Ciro.
O ministro foi acuado durante o debate. Sofreu ataques da esquerda (Mercadante) e da direita (Delfim). Foi poupado apenas pelo senador eleito José Serra (PSDB-SP).
Mercadante pediu uma ``reforma político-institucional" que complemente o Plano Real.
``Na equipe econômica há uma prevalência das idéias neoliberais (...) e isso vai agravar o apartheid social no país", disse o petista.
Durante uma das intervenções de Mercadante, Ciro interrompeu o deputado para dizer: ``Deixe eu falar um pouco. Já está colocando palavras na minha boca."
Mercadante respondeu: ``Estou querendo apresentar alternativas."
Para risadas da platéia, o ministro da Fazenda fez um convite à queima-roupa: ``Amanhã às 11h no meu gabinete."
Surpreso, o petista –que foi candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva– aceitou. Mas não quis marcar a hora e a data do encontro. ``Provavelmente no início da semana que vem", disse Mercadante.
Com Delfim Neto, o ministro Ciro Gomes teve uma discussão bem-humorada, ao afirmar que o ex-ministro do governo militar teria sido o responsável por parte do que vigora na economia do país.
``As partes boas", brincou Delfim. O deputado do PPR aproveitou a deixa para dizer que Ciro ``não tinha idade" para se lembrar.
Já quase no final do debate, quando Ciro tentava explicar a situação do câmbio, o cientista político Carlos Novaes gritou: ``Chega de palanque."
Ciro reagiu dizendo que estava acostumado a falar de forma inflamada e não deixaria esse estilo.
``Como ele vai falar de taxa de câmbio com emoção? Acho que ele não contribuiu em nada com o debate", disse Novaes ao deixar o auditório da Folha.
O Cebrap, onde Novaes trabalha, é o mesmo local onde FHC atuou a partir do início dos anos 70. Novaes votou em Lula.
Todos concordam que é preciso reformar a Constituição. Mas divergem sobre a intensidade que essa reforma deve ter e sobre quando ela deva ser realizada.
Durante o debate, foi lançado o livro ``A História Real", da Editora Ática, escrito pelos jornalistas Gilberto Diemenstein (diretor da Sucursal de Brasília) e Josias de Souza (diretor-executivo da mesma sucursal).

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