São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994
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FHC responsabiliza a polícia

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

O presidente eleito Fernando Henrique Cardoso culpa, em parte, a própria polícia do Rio pela violência que caracteriza o Estado.
O comentário foi feito por FHC durante almoço com os jornalistas brasileiros que acompanham sua visita a Moscou. Foram os jornalistas que informaram o presidente eleito da chacina no Rio.
A culpa da polícia decorre, na visão de FHC, não só dos crimes que são cometidos pelos próprios policiais, mas pela corrupção que invadiu o aparelho policial.
Fernando Henrique não descarta a possibilidade de intervenção militar no organismo policial carioca, hipótese que consta de seu programa de governo.
Mas o presidente eleito deixa claro que não quer as Forças Armadas nas ruas, combatendo o crime. Teme a contaminação dessas pelo crime organizado, mais ou menos como ocorreu (ou ainda ocorre) em países vizinhos.
A intervenção seria apenas no comando policial, de forma que oficiais do Exército pudessem fazer a depuração no aparelho de segurança, profundamente contaminado, seja pela violência, seja pelo crime organizado.
FHC faz questão de deixar claro que a violência no Rio não é um fenômeno puramente local. Nasce, aliás, em outros pontos do país, em grande parte devido ao desaparelhamento da Polícia Federal.
FHC lembra que a PF tem um efetivo de 7.000 homens, número insuficiente para combater o contrabando, inclusive de armas, e o tráfico de drogas. Desses é que se alimenta estruturalmente o crime organizado no Rio, fonte da maior parte da violência.
Para corrigir essa situação, o presidente eleito pensa em recriar serviços de informação, que, acha ele, ficaram com má fama em função da utilização no ciclo militar, mas que sempre são necessários.
``Não adianta fazer o Exército subir os morros, porque depois ele tem que descer", diz FHC.
O problema, de acordo com o presidente eleito, é obter informações que permitam o desmantelamento das quadrilhas responsáveis pelo tráfico de drogas e pelo comércio de armas.

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