São Paulo, sábado, 22 de outubro de 1994 |
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Idade tornou o ator completo
INÁCIO ARAUJO
Mas, quando era bem dirigido, essas características já se fundiam a outras. Com Jacques Tourneur, em ``O Gavião e a Flecha" (1950), com Robert Siodmak, em ``O Pirata Sangrento" (1952), a simpatia e o carisma aliavam-se a uma espécie de nobreza que transitava com facilidade do corpo para a alma. Seu talento dramático já não podia mais ser ignorado depois de ``A Um Passo da Eternidade" (1952, Fred Zinnemann), onde fez o sargento que se apaixona pela mulher (Deborah Kerr) de seu comandante. Ou mesmo de ``Vera Cruz" (1954, Robert Aldrich), faroeste em que nada ficava a dever a seu parceiro, Gary Cooper. Lancaster já havia feito ``Trapézio" (1956, Carol Reed) e ``Sem Lei e Sem Alma" (1958, John Sturges), quando ganhou o Oscar de melhor ator em 1960 por ``Entre Deus e o Pecado". Richard Brooks fez sua obra-prima, aproveitando melhor do que ninguém, até então, todas as características do ator: a simpatia, o humor, a dramaticidade. A partir dos anos 60, Lancaster desenvolve-se plenamente. Em ``O Leopardo", de Luchino Visconti, compõe um príncipe Salina magnífico como o castelo que habita: todo o seu carisma está ali, mas Burt já não precisa sorrir, nem se esforçar para parecer bonito. A evidência estava lá, no limite da tragédia. Segue-se uma série de papéis marcantes e atuações brilhantes: ``Sete Dias de Maio" (64, John Frankenheimer), ``Violência e Paixão" (75, Visconti), ``1900" (76, Bertolucci), ``O Último Brilho do Crepúsculo" (77, Aldrich), ``Atlantic City, USA" (81, Louis Malle), entre outros. Foram cerca de 70 filmes e uma carreira irretocável. (Inácio Araujo) Texto Anterior: Burt Lancaster morre aos 80 anos Índice |
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