São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
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Governo quer modificar índices para baixar inflação

LILIANA LAVORATTI; VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal quer induzir os agentes econômicos a adotar índices de inflação que não levem em conta os fatores sazonais.
A tendência que se verifica é de esses índices ficarem abaixo dos apurados dentro da metodologia atual.
O novo índice não deverá ser apurado antes de seis meses.
Esse foi o prazo que os institutos de pesquisa pediram ao governo para criar uma metodologia adequada à proposta, segundo o assessor especial para preços do Ministério da Fazenda, José Milton Dallari.
O Ipead (Instituto de Pesquisa Econômica e Administrativa), de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, até agora é o único instituto de pesquisa que decidiu apurar o novo índice, disse Dallari.
Os demais institutos ainda estudam o assunto.
Efeito sazonal é aquele que se repete em determinadas épocas do ano. Um dos maiores exemplos de efeito sazonal é a safra ou entressafra –quando os preços caem ou sobem em função da maior ou menor oferta de produtos no mercado. Com isso, a inflação pode descer ou subir.
Por pretender excluir esses efeitos, o novo índice está sendo chamado de ``puro" pela equipe econômica do governo federal.
O secretário-adjunto de Política Econômica da Fazenda, Gesner Oliveira, disse que ``será bom para a sociedade ter um índice adicional de inflação".
Segundo ele, a existência do novo índice não impede os institutos de pesquisa de continuarem calculando a inflação de maneira atual.
O objetivo, disse Oliveira, é mostrar o impacto desses efeitos na inflação.
Outra preocupação do governo é acabar com a cultura inflacionária. Ao se criar o novo índice, o governo pretende mostrar que a ``inflação real" está refletida ali e não naqueles índices que incluem os efeitos sazonais.
Livre negociação
A médio prazo, o objetivo da equipe econômica é acabar com a indexação da economia.
Isso, porém, só deve acontecer depois de julho do ano que vem, quando será concedido automaticamente pela última vez aos salários o IPC-r acumulado desde julho deste ano.
A lei 8.880 prevê que o IPC-r acumulado será reposto uma única vez na primeira data-base após a criação da nova moeda, o real, que começou a circular em julho último.
Depois, a reposição de perdas salariais será feita através de livre negociação entre empresários e trabalhadores.

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