São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
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Mãe é a primeira a exigir emprego de candidato

ALEXANDRE SECCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A mãe de Francisco Rossi, Mercedes Rossi de Almeida, 72, vai reclamar seu próprio espaço no governo do filho. ``Eu sei que ele vai ganhar a eleição, e eu vou exigir um emprego", afirmou.
Ela quer trabalhar em projetos para idosos, na promoção social do Estado. ``Eu sou de estalo. Na hora vou saber o que fazer".
Mercedes abre mão de um contrato formal. ``Posso ser voluntária, o Francisco vai ser o governador de São Paulo e vai poder aumentar a minha mesada".
Apesar de depender da mesada do filho, Mercedes pretende fazer um trabalho independente.
``Eu não vou pedir conselho para filho. Já tenho idade suficiente e vivência". Idade não é problema para o trabalho: ``Tenho 72 anos, mas, por dentro, eu tenho 40".
As experiências de Mercedes não foram boas quando ela ``exigiu" trabalhar com o filho na Prefeitura de Osasco.
Rossi administrou a cidade duas vezes (entre 73 e 77 e de 89 a 92). Nos dois governos Mercedes tentou trabalhar.
Nunca passou do primeiro ano como voluntária nas creches. ``Eu não posso ver uma coisa errada, eu preciso falar, eu não admito, daí não deu certo", conta.
Algumas pessoas, segundo ela, ``só começavam a trabalhar quando a mãe do prefeito chegava".
Por causa de ``desentendimentos", deixou o trabalho na prefeitura, mas manteve a atenção voltada para a carreira do filho.
Mercedes acha que ele nasceu predestinado ``a salvar muitas almas". Acredita que a gestão de Rossi no governo será um passo rumo à Presidência da República.
Calculista, acha que governar o Estado tem importância estratégica na carreira do filho. ``São Paulo é a mola propulsora do país".
A mãe não imagina a possibilidade de o filho ser derrotado em 15 de novembro: ``Vai ganhar".
Como o candidato Rossi, que disse já ter dominado tempestades graças a poderes místicos, Mercedes também diz contar com o apoio das forças divinas.
``Eu tenho muitas premonições. Quando ele (Rossi) nasceu, senti a presença de Deus", diz. Agora, ela sente que o filho será o futuro governador de São Paulo.
Sua fé na vitória se baseia em ``muitos" acontecimentos que ela diz ter previsto. Um dos mais marcantes, conta Mercedes, foi a visão que teve, 15 dias após o casamento, da morte do marido.
``Contei a ele. Ele achou que era bobagem." Cinco anos depois da primeira ``visão", Mercedes lembra que ``sentiu" novamente a morte do marido. Três dias depois, ele morreu.
Outro fato que reforça suas crenças místicas foi o sonho em que viu o irmão de Rossi, Altino, com um pé enfaixado.
Nessa época, Altino estava recolhido, incomunicável, a uma ordem religiosa. Depois do sonho, ``algo" a levou a visitar o filho. Mercedes diz tê-lo encontrado com um ferimento no pé, que evoluía para uma gangrena. ``Fiz o curativo que evitou que ele perdesse o pé."
Com a fé de quem julga acertar, vê um futuro de tragédias para o mundo, mas acha que o filho tem uma missão especial: ``O Francisco é um mensageiro de Deus".

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