São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
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Noite de sexo e bebidas é vetada só às jogadoras

DA REPORTAGEM LOCAL

Noitadas em boates de sexo explícito ou disciplina militar no hotel. Mais que a língua, é a profissão que determina o roteiro do estrangeiro em São Paulo.
A rotina mais dura é a das meninas que participam do mundial de vôlei. Têm que seguir o roteiro hotel-ginásio-restaurante, acordando às 8h e indo para a cama às 21h, com uma dieta controlada e sem direito a momentos de lazer.
Mais ``saidinhas", as japonesas levaram um susto quinta-feira à noite. Na volta do treino, uma pedrada quebrou uma vidraça do ônibus onde estavam. Elas passavam pela marginal Pinheiros e não viram de onde veio a pedra.
Segundo o comitê organizador do mundial, o incidente deixou as jogadoras ``muito assustadas" e levou a um reforço na segurança.
Entre as outras seleções, a única extravagância foi o pedido de 13 tigres de pelúcia pelas holandesas.
Segundo Cintha Boersma, capitã do time, os bichos servirão de mascote e as farão jogar ``como tigres". Elas agora levam os bichos –que rosnam quando são apertados– em todos os treinos.
Cintha disse também ter ficado impressionada com as roupas das brasileiras. ``Gosto do jeito como elas mostram seus corpos, com top e shorts. Na Holanda, isso não seria bem aceito pelos homens."
No outro extremo, os frequentadores do Salão do Automóvel enchem casas de shows eróticos. O Café Photo, no Itaim, teve aumento de 30% na frequência de estrangeiros. ``Veio de belga a espanhol. Beberam muito", disse Ronald Scabin, relações-públicas da casa.
O italiano Gianfranco Bordigon, 58, tem compromisso apenas durante o dia no Salão do Automóvel. Nesta visita a São Paulo, foi jantar no Barbacoa e não sabe o que vai fazer à noite. Conhece a Kilt e o Photo, mas jura que foi ``parar lá sem saber como".
O público das artes –Mostra de Cinema, Free Jazz e Bienal– se concentra nos Jardins, evita compras e faz o circuito programa cultural seguido de jantares.
O restaurante Spot, na Paulista, fechou mais cedo na quarta-feira devido à fila que se formou na porta após o término da sessão de estréia da mostra de cinema no Masp, próximo ao restaurante.
O norueguês Per Hovdenakk, 58, que veio a São Paulo para a Bienal, preferiu passar sua última noite na cidade na exposição do artista plástico Waltercio Caldas, em Pinheiros (zona oeste).
Hovdnakk visita a cidade desde 83. Durante as duas semanas que passou aqui, ele caminhou pelo centro, jantou em restaurantes japoneses ou visitou exposições.
Elegeu o parque Trianon como o melhor lugar para passear na cidade e achou os paulistanos ``cheios de energia".
O cineasta turco Kutlug Ataman, 33, foi ao Ritz e ao The Place. Para ele, se São Paulo fosse uma mulher, seria Sonia Braga. ``Depois de passar por Nova York, um pouco descaracterizada".

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