São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
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Uma linha divisória

DEMIAN FIOCCA

A inflação mais alta em setembro criou expectativas de que a economia pode se reindexar, ainda que informalmente. Reajustes salariais espontâneos, aumentos de preços e juros, tudo –menos o câmbio– voltaria a subir mês a mês.
É essa perspectiva que estabelece a linha divisória entre os que prevêm que a partir de novembro a inflação entra em rota ascendente e os que apostam, senão em queda, em estabilidade. Foi ela também que levou o governo ao pacote de medidas contracionistas.
De fato, as restrições ao crédito, aos consórcios e vendas a prazo ajudam a segurar a inflação até a posse do novo governo. Mas começam a mostrar igualmente o lado amargo do Plano Real.
O compulsório sobre todas as operações de empréstimo foi uma maneira engenhosa de aumentar as taxas de juros sem onerar diretamente os cofres públicos. Sobem os juros privados sem que mude a remuneração dos títulos do governo.
A medida, entretanto, atingiu duramente o otimismo do setor privado. Trouxe consigo o aspecto negativo de qualquer aumento nas taxas de juros: o desestímulo ao investimento. Quebrou-se a euforia sobre a qual se apoiavam alguns dos aumentos, mas que também embalava parte das esperanças.

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