São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
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Perfil do bancário muda com Real

JOSÉ VICENTE BERNARDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Profissionais de vendas, marketing e engenharia financeira vão formar o tripé sobre o qual a atividade bancária vai se sustentar e desenvolver caso se confirme o atual cenário econômico do país.
Mais do que qualquer outro setor, os bancos estão em rota de colisão com o eventual sucesso do Plano Real. Uma inflação baixa por longo período quebra a ciranda do lucro especulativo e diminui o afluxo de clientes e de dinheiro.
Aliado ao avanço tecnológico e à globalização de mercados, isso deve obrigar os bancos a rever seus processos de trabalho e a criar novos produtos.
Deve diminuir a quantidade de trabalhos ligados a controle e processamento interno (a ``retaguarda"), que cada vez mais serão feitos por máquinas, assim como boa parte das funções exercidas hoje pelos caixas. O diferencial entre as instituições será o atendimento.
``O número de pessoas na administração central –compensação de cheques, cobrança– deve diminuir. O de profissionais ligados a empréstimos e aplicações vai aumentar", avalia Nelson Luiz Fanaya, 52, diretor de planejamento corporativo do grupo Bamerindus, que tem 31 mil funcionários.
``Antes, os bancos tinham três pessoas na retaguarda para uma em atendimento. A tendência é ficar um para um", calcula Sílvio Genesini, 41, sócio-diretor da Andersen Consulting, que presta serviços de consultoria em planejamento estratégico a bancos.
Um atendimento diferenciado começa com a criação de atrativos financeiros. A tarefa cabe a economistas e administradores especializados em engenharia financeira.
O segundo passo é levar esses produtos ao conhecimento do público geral, o que exige bons profissionais de marketing.
A etapa seguinte é personalizar as relações entre empresa e cliente –principalmente no caso de pessoas jurídicas e grandes fortunas.
Gerentes e caixas com perfil negociador serão valorizados. Caberá a eles captar as necessidades de cada cliente e apresentar soluções (veja áreas e funções valorizadas no quadro abaixo, à esquerda).
``A base da pirâmide está ficando estreita. Uma grande rede que já teve 30 mil caixas hoje tem 14 mil", diz Ricardo Berzoini, 34, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. ``O grande inimigo do profissional será a desqualificação", avisa Fanaya, do Bamerindus.

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