São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994
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Vôlei aceita repreensão de Bernardinho

SÉRGIO KRASELIS
DO ENVIADO A BELO HORIZONTE

O puxão de orelhas que o técnico Bernardo Rezende, o Bernardinho, deu nas jogadoras da seleção brasileira foi aceito com tranquilidade pelas integrantes da equipe.
Na antevéspera da partida de estréia contra a Romênia na última sexta-feira, pelo Mundial de Vôlei Feminino, Bernardinho reuniu o time em Belo Horizonte e avisou:
``De agora em diante, só se fala sobre vôlei. Chega de falar sobre beleza, moda etc. Quem fizer isto está fora da equipe e vai ficar linda e maravilhosa ao meu lado no banco", ameaçou o treinador.
A bronca de Bernardinho não foi dirigida a uma jogadora específica da seleção nacional, mas o recado foi assimilado por todas. Elas já estavam alertadas sobre esse tipo de problema desde o início da preparação do time.
``O que o Bernardinho falou foi muito legal. Desde o começo do trabalho na seleção ele frisou essa questão de musa e do desgaste da imagem. E ele sabe do que está falando porque viveu isso na pele", diz a atacante Virna.
A jogadora refere-se à ``fogueira de vaidades" que atingiu a seleção masculina dos anos 80, do qual Bernardinho foi um dos integrantes, e que acabou se esfacelando, entre outras coisas, porque não soube conciliar o sucesso com o trabalho.
Virna, a exemplo de Ida, também assimilou outro recado de Bernardinho: sempre haverá aquelas jogadoras mais assediadas.
``É lógico que existe uma mais bonita do que a outra. Mas quem vence um jogo é a equipe e não uma jogadora", diz Virna.
Segundo Virna, ser reserva não é fácil, mas o que importa é o conjunto. ``A ordem dos fatores não altera o produto", diz, repetindo a velha máxima da matemática.
Para ela, mais difícil do que ser atleta é ter ``humildade e postura", sem se deixar levar pelo excesso de vaidade.
Ida concorda com sua companheira da seleção brasileira. Similar feminino de Amaury (ex-jogador da seleção masculina que nos Jogos Olímpicos de Barcelona-92 atuou como conselheiro da equipe que se tornaria campeã olímpica), ela diz que admira o jeito ousado de Bernardinho comandar o grupo.
``Ele passa muita coragem para toda a equipe. A maneira de o time jogar tem muito dele, que é uma coisa superguerreira. Isso é o que admiro nele, apesar dos berros", diz a jogadora.

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