São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 1994
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Bia Lessa cria parábola cênica sobre futebol

MARCO CHIARETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Peça: Futebol
Autor: Alberto Renault
Direção: Bia Lessa
Cenário: Paulo Mendes da Rocha
Figurino: Marjorie Gueller
Adereços: Guto Lacaz
Onde: Teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, Jardim Paulista, zona oeste de São Paulo, tel. 284-9787)
Quando: Estréia hoje, às 20h; quartas a sextas, às 20h30; sábados e domingos, às 18h e às 20h30; entrada franca
Elenco: Maria Luísa Mendonça, Carlos Moreno, Zeca Camargo, Geórgia Gomide
Sinopse: A história do futebol a partir de uma parábola

Estréia hoje, no Teatro Popular do Sesi, em São Paulo, ``Futebol", peça de Alberto Renault concebida e dirigida por Bia Lessa. ``O que é jogar, como é essa união entre intuição e raciocínio que o jogador tem que ter?", pergunta Bia, para começar a falar da nova peça.
A diretora –que tem no currículo as montagens de ``Cartas Portuguesas" e ``Orlando"– conta que a idéia de ``Futebol" nasceu há 18 meses, ``mais ou menos, quando as pessoas que trabalham com teatro no Sesi me chamaram perguntando se eu tinha algum sonho em teatro, alguma coisa que eu não tivesse feito e quisesse muito fazer."
Não tinha, mas algum tempo depois, ao assistir ao compacto de um jogo entre Flamengo e Vasco, teve um estalo: Queria fazer uma peça que tivesse o futebol como tema.
Bia é flamenguista, mas ``não um torcedor clássico, desses que vai ao estádio para ver a torcida, o espetáculo das arquibancadas, eu gosto mesmo é do jogo, daquilo que acontece dentro das quatro linhas do gramado."
``Nós estávamos fazendo `O Homem sem Qualidades', no Rio, aí veio a Copa do Mundo. Alberto e eu lemos muito, lemos tudo o que há sobre futebol, e há muita coisa escrita, aqui e lá fora", diz.
``A peça é uma parábola. Há um lugar, que não é nenhum lugar determinado, onde só existem formas angulosas. Em certo momento um inglês traz uma bola. As pessoas vão descobrindo o redondo. No fundo, a peça é também isso: uma discussão sobre a qualidade do `ser redondo', do redondo como gerador, uma reflexão sobre a descoberta do redondo."
A história avança entre as brigas e aproximações de duas famílias. ``É um jogo, e também é uma guerra entre dois grupos. O futebol é isso, afinal".
A diretora escolheu o elenco de 14 atores, parte diretamente, parte em um teste, ``intuitivamente". A preparação do espetáculo começou há pouco menos de dois meses.
``Futebol é maravilhoso. O Zico é um herói trágico. Lembro-me daquele pênalti que ele perdeu na Copa do Mundo de 1986, contra a seleção da França. Uma vez ele me disse que o erro tinha nascido porque pensou em onde ia colocar a bola no tempo entre o fim da corrida dele frente à bola e o momento em que seu pé encostou nela. Deste instante de dúvida, veio o desastre", diz Bia.

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