São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 1994
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Fiesp vai pedir a Ciro fim do compulsório de 15%

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) vai lutar contra o compulsório de 15% sobre os empréstimos anunciado na semana passada pelo governo.
A posição da Fiesp foi tomada, ontem, em reunião da diretoria executiva da entidade, que foi marcada pelo pessimismo com o esperado efeito negativo do compulsório sobre o nível das atividades produtivas.
O presidente da Fiesp, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, dirá ao ministro da Fazenda, Ciro Gomes, em audiência prevista para amanhã em Brasília, que o compulsório aumenta os juros e cria mais dificuldades para a indústria brasileira enfrentar os produtos importados.
Moreira Ferreira disse que a Fiesp não gostou da forma como a medida do compulsório foi anunciada.
Ele se queixou da mudança de atitude do governo, criticando a adoção da medida sem uma consulta prévia, conforme acordo anterior. ``Isso é muito ruim porque a medida é rigorosa e vai afetar de uma maneira muito dura o setor produtivo", afirmou.
Ele disse que o compulsório agrava a escassez de recursos para a atividade produtiva. ``Está ficando muito difícil conviver com os altos custos financeiros na atividade produtiva", disse.
Mario Bernardini, diretor do Departamento de Economia da Fiesp, disse que o compulsório de 15% é, para os empresários, um ``drama" que vai causar um ``estrago" na produção nacional.
Para Bernardini, a medida encarece o custo do produto brasileiro que vai perder competitividade frente aos importados e criar problemas de capital de giro para as empresas no momento em que elas vão precisar financiar o pagamento do 13º salário.
Bernardini disse que a restrição ao crédito poderá provocar recesão a partir do início do ano que vem.
``O efeito recessivo poderá ser anulado, nos próximos meses, parcialmente, pelo aquecimento normal de fim de ano, mas depois será sentido intensamente", disse.

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