São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 1994
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Ministério vai apurar ação no Rio

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA SUCURSAL DO RIO

O procurador-geral da República, Aristides Junqueira, pediu abertura de inquérito ao Ministério da Justiça para apurar a ação de policiais civis e militares no combate ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro.
Junqueira considerou que as operações de repressão ao tráfico são incompatíveis com os direitos constitucionais dos cidadãos.
Ele pediu ao ministro da Justiça, Alexandre Dupeyrat, que também adote providências para evitar operações policiais como a da semana passada na favela Nova Brasília, no Rio.
Um tiroteio entre policiais e traficantes, na terça-feira passada, terminou com um saldo de 13 moradores mortos.
A forma como as operações estão sendo conduzidas pela polícia estaria colocando em risco a vida da população inocente dos morros.
Junqueira pediu ainda que as operações de combate ao tráfico sejam exercidas somente por órgãos competentes e responsáveis pela segurança pública no Rio de Janeiro.
O Ministério da Justiça designará, se o pedido for aceito, quem será responsável pelo inquérito.

Delegacia
Para se proteger de eventual ataque de traficantes, a 22ª DP (Delegacia de Polícia, na Penha, zona norte do Rio) terá agora um muro de concreto e chapa de aço, em frente a sua porta, e uma metralhadora de guerra montada numa de suas janelas.
Com 1,50 metro de altura, o muro deverá ficar pronto na quinta-feira. A metralhadora de tripé emprestada pelo Exército, modelo Browning 30, chegou ontem à delegacia.
Apesar do rigoroso cuidado defensivo –em meio a boatos de novos ataques de traficantes a delegacias–, o delegado da 22ª DP, João Kepler Fontenelle, negou estar com medo dos criminosos.
Ele disse que está apenas se precavendo, após a ``audaciosa incursão" de criminosos contra a 21ª DP, em Bonsucesso, há dez dias. ``Duelo em campo aberto é só em filme de mocinho."
Três policiais da 21ª DP ficaram feridos –um deles teve uma perna amputada– quando supostos traficantes, que passavam de carro, dispararam tiros de fuzis contra a delegacia.
Na 22ª DP, com o muro e a pesada metralhadora, Fontenelle disse que os policiais terão pelo menos ``a chance de um revide". A 22ª DP fica numa movimentada avenida da Penha –a Lobo Júnior.
Também foram reforçados os plantões noturnos nas delegacias de áreas consideradas críticas.

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