São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 1994
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Músico do Olodum é morto a tiros na Bahia

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O percussionista da banda Olodum Joselito Alves Barbosa, 21, foi morto na madrugada de ontem com um tiro na testa, no centro histórico de Salvador (BA), pelo policial militar Joel de Souza.
O músico estava voltando para casa, após participar de um show com a banda Olodum no largo de Pelourinho (centro histórico ), quando foi morto. Segundo o presidente de Olodum, João Jorge Rodrigues, cerca de 5.000 pessoas assistiram ao show do grupo.
O músico Joseilton Rigaldi Conceição, 24, que também trabalha no Olodum, disse que Joselito Barbosa ``foi covardemente assassinado". Conceição disse que estava acompanhando o percussionista quando percebeu que ``alguns policiais estavam agredindo pessoas que estavam no show".
``Joselito foi agredido, correu e tentou entrar em uma casa. Duas pessoas o seguraram e ele recebeu um tiro na testa", disse Joseilton Rigaldi. O relações públicas da PM, major Francisco Leite, disse que o soldado foi preso e encaminhado à 1ª delegacia.
Segundo o major, o soldado estava à paisana, fora de sua área de atuação e a arma utilizada no crime era particular. ``Não podemos abrir inquérito militar porque este é um crime comum", disse.
Em seu depoimento ao comando da PM, o soldado Joel de Souza disse que reagiu a uma perseguição. ``Algumas pessoas tentaram roubar meu dinheiro e tênis."
Joel de Souza disse que sua namorada teria sido agredida por alguns participantes do show. O PM não cita em seu depoimento os nomes dos eventuais agressores.
Em nota oficial, a diretoria do Olodum informou ontem que todas as atividades do grupo no Pelourinho estarão suspensas nos próximos sete dias. O major Francisco Leite disse que somente após a conclusão do inquérito é que as causas do crime serão esclarecidas.
``A PM lamenta a fato de o crime ter sido causado por um dos seus integrantes", disse o relações públicas. Ontem, o presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues, e mais três diretores do grupo pediram ``rigorosa apuração".
Segundo João Jorge, a morte do músico é reflexo da violência que ``domina o Brasil".

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