São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 1994
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Analistas crêem em estabilidade no câmbio

DA REPORTAGEM LOCAL E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pacote de medidas restritivas à entrada de dólares no país fez desabar o movimento de câmbio de exportação a partir do dia 20.
Até o lançamento do pacote, a média diária de contratos de câmbio de exportação era de US$ 220 milhões, este mês.
Mas, no dia 21, a média diária caiu para US$ 25,2 milhões; e, no dia 24, reagindo um pouco, ficou em US$ 55,6 milhões.
No mesmo período, as importações se mantiveram estáveis, com uma média diária de US$ 123 milhões.
Mantido esse movimento, a projeção é de saldo negativo em novembro –o primeiro desde 1990.
Os analistas acreditam, porém, que esta queda das exportações reflete apenas uma freada, brusca, no movimento e não o novo padrão de negócios pós-pacote.
``O mercado, bancos e exportadores, estão estudando as novas regras. É uma freada de arrumação", diz o ex-diretor do Banco Central Emílio Garófalo Filho, consultor da Líbero.
Para ele, as novas regras garantem alguma estabilidade para as cotações do dólar.
Indagado sobre a possibilidade de alta das cotações, Garófalo disse que o governo, nesta hipótese, teria ``43 bilhões de razões para ficar feliz". O mercado estima que as reservas internacionais (o caixa em moeda forte) estejam em US$ 43 bilhões.
Fábio de Oliveira, do Banco de Boston, acredita que as novas regras, que encurtam os prazos dos ACCs (Adiantamento do Contrato de Câmbio), vão acabar trazendo alguma convergência entre o movimento no mercado de câmbio comercial e o embarque efetivo das exportações.
Este movimento de aproximação deve estar completado no início do próximo ano –já que antes das medidas o ritmo de ACCs, com prazos de 180 dias, tinha se intensificado.
Deiwes Rubira de Assis, do ING bank, e Oliveira, concordam que, com as novas regras, devem sobrar linhas de financiamento ao comércio exterior (que têm prazo maior do que os permitidos pelos ACCs).
A notícia não é necessariamente boa para os exportadores. Os juros cobrados devem, apesar disso, crescer. É o resultado do compulsório, de 15%, que passou a ser cobrado.

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