São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 1994
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Ciro pede desculpa a pobres

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Ciro Gomes, começou sua entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, negando que o pacote anticonsumo baixado na semana passada atinja a população mais pobre.
E encerrou sua participação, no começo da madrugada de terça-feira, pedindo desculpas aos consumidores mais pobres pelas medidas ``amargas, mas necessárias".
Não há a menor dúvida de que o pacote atinge especialmente os mais pobres. Antes dele, um cidadão que ganhasse R$ 600 por mês poderia comprar um televisor de R$ 600, em dez prestações de R$ 60.
Depois do pacote, que permite no máximo três prestações, esse cidadão já não pode comprar o aparelho. Segundo Ciro, esse sacrifício é temporário e visa um benefício maior, que é o fim da inflação.
Disse que as medidas são provisórias, mas não adiantou quando poderiam ser suspensas. Esclareceu que o governo espera o crescimento da oferta, inclusive com importação, para equilibrar com a demanda.
Perguntado sobre qual conselho daria ao consumidor, respondeu que o correto é esperar e adiar compras no momento.
O ministro está convencido de que o pacote de restrição ao crédito é suficiente para segurar o consumo neste momento e controlar as consequentes pressões por alta de preços.
No programa, Ciro apostou que todos os índices de inflação ficarão abaixo dos 3% mensais até dezembro. Ele deixa o ministério em dezembro, mesmo se for convidado a ficar.
Confirmou que bancos estaduais, especialmente o Banespa, o Banerj e Banrisul, estão recebendo ajuda do Banco Central. Manifestou-se pessoalmente contrário a essa prática, mas, como ministro, garantiu que a ajuda continua.
Disse ainda que a Receita Federal apanhou 300 revendas de veículos em algum tipo de crime ou irregularidade fiscal.

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