São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 1994
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Fundos absorvem dinheiro da poupança

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

As retiradas líquidas (saques superiores aos depósitos) da caderneta de poupança de 1º a 18 de outubro foram de R$ 321 milhões. Somadas aos resgates de R$ 96,2 milhões das contas de DER (Depósito Especial Remunerado), as perdas são de R$ 417,2 milhões, segundo dados do Banco Central (BC).
No mesmo período, porém, os fundos de investimentos registram ingressos líquidos (aplicações acima dos resgates) de R$ 448,3 milhões (ver tabela ao lado).
Segundo Fábio de Oliveira, diretor de investimentos do Banco de Boston, parte da captação positiva dos fundos é explicada pelo seguinte movimento: quando alguém vai para consumo e saca dinheiro da poupança, sempre há uma empresa na outra ponta que aplica os recursos.
As aplicações líquidas em CDB/RDB de 1º a 18 de outubro somaram R$ 221,9 milhões, mas a maior parte desse volume foi absorvida pelos fundos.
O saldo total das contas de poupança subiu de R$ 41,5 bilhões em 30 de setembro para R$ 42,1 bilhões no último dia 18, evidenciando que a perda foi inferior aos rendimentos creditados no período. Os dados do BC abrangem as contas da poupança rural.
A perda líquida diária de outubro foi de R$ 29,2 milhões, contra R$ 52,3 milhões em setembro, o que mostra uma diminuição dos saques. Essa tendência se acentuou desde a semana passada, segundo José Roberto Grilli, gerente de comercialização do Bamerindus, onde os resgates diários caíram de R$ 10 milhões para R$ 1 milhão.
A perda acumulada pela poupança desde o mês de agosto é de R$ 2,2 bilhões, enquanto o ingresso líquido nos meses de junho e julho foi de R$ 3,4 bilhões. Ou seja, há um saldo positivo no perído de R$ 1,2 bilhão.
Os bancos não identificaram até ontem nenhum movimento que indicasse qualquer sinal de eventuais saques para antecipar consumo.
``Isto não está acontecendo", afirmou Raul Pereira Barreto, vice-presidente do Banco Mercantil de São Paulo. Para ele, continua havendo migração da poupança para os fundos.
Walter Kuroda, diretor do Banco Nacional, não acredita que as medidas de restrição ao crédito levem o consumidor a resgatar suas aplicações para comprar bens de consumo.

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