São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 1994
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Palmeiras pode virar o Lula do futebol

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Há quem veja nos últimos resultados um sinal do que está para vir. Como nos gráficos dos institutos de pesquisa nas eleições presidenciais, o Corinthians é Fernando Henrique, partindo lá debaixo para chegar lá em cima; em movimento exatamente inverso, como Lula, o Palmeiras.
Não creio nessa virada, mesmo porque, nesta disputa futebolística, o real é o elenco palestrino. Mas, em tais cogitações, vale perguntar: se o governo tivesse baixado as últimas medidas anti-consumo às vésperas do pleito, o resultado seria o mesmo? Talvez sim, afinal o vencedor resistiu até mesmo às mais devastadoras inconfidências públicas.
E o calcanhar de Aquiles do Palestra está exatamente na sua excelência: o elenco, completo em todas as posições, menos uma –a lateral-direita, onde nem o titular Cláudio, tampouco o recém-contratado Gustavo dão conta do recado na plenitude da exigência de um super-time. Cláudio é melhorzinho e pode voltar esta noite contra o Botafogo, que não deve resistir ao Palmeiras, em pleno Parque Antarctica. Digo: um Palmeiras tranquilo, ciente de suas possibilidades e limitações. Mas é esse Palmeiras que entrará em campo esta noite? Ou será um Palmeiras convencido de suas potencialidades e, por isso mesmo, mordido pelos últimos resultados, sobretudo a primeira derrota no torneio, diante do Flamengo de Sávio?
Se for aquele, a vitória é garantida. Se for este, sei não.
Quanto ao Corinthians, é bom lembrar que seu elenco não é nada desprezível. Sua deficiência era a dupla de zaga, hoje seu ponto alto, mesmo sem Célio Silva.
O problema é que a qualidade cresce e varia do meio-campo pra frente, o que faz a cabeça do técnico Jair Pereira girar, inebriada e cheia de dúvidas. Ainda que a ausência forçada de Boiadeiro reduza as dúvidas, elas crescem com o leque de opções do técnico. Opções que levam-no a vacilar entre o melhor sistema a ser adotado –o já clássico 4-4-2, com, digamos, três volantes, do tipo Luisinho, Zé Elias e Marcelinho Souza ou Mano, ou o arriscado 4-3-3, com os mesmos cabeças-de-área, mais dois meias, a escolher entre Casagrande, Souza e Viola, que, por sua vez, se empurrado à frente, alijaria Marques do jogo. Um erro nessa decisão pode entornar o caldo e revirar as linhas do tal gráfico.

O tricolor leva a campo, esta noite, a fé num milagre: meter três gols de diferença no Boca, no Morumbi. Se bem feitas as contas, até que não é impossível. Pelo menos, o time de Menotti, lá na Bombonera, não deu sinais de muita grandeza. Ganhou por 2 a 0, é verdade, mas só depois que Vítor foi expulso e apoiado na marcação de um pênalti, no mínimo duvidoso. Basta, pois, que os brasileiros não desperdicem tantos gols como habitualmente o fazem.

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