São Paulo, domingo, 30 de outubro de 1994
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`O Mário sempre foi um jovem muito adulto'

Eu tento pôr a vida mais alegrinha, sabe? Uma música gostosa, contar casos...
FUNÇÃO NO GOVERNO
``A mulher do político sente muito de perto os problemas piores da nossa sociedade. É na nossa porta que batem, é no nosso telefone que tocam aqueles pedidos que mais preocupam a gente. Aqui em São Paulo tem o Fundo de Solidariedade. Não sei como é o trabalho lá. Pretendo fazer um levantamento e daí fazer um planejamento ouvindo os diversos setores da sociedade. O meu sonho seria ajudar essas entidades filantrópicas que lidam com doenças as mais variadas, com idosos, com crianças e têm muita dificuldade em caminhar sozinhas. Eu gostaria de conseguir fazer essas entidades pescar o seu peixe, ou melhor, conseguir que a sociedede que tenha recursos possa ajudá-las e não depender do Estado para nada. Daí eu vou dar um alívio para o Estado, para que ele olhe e cuide daquilo que realmente tem compromisso, que é saúde e educação. Eu não sei como a Ika Fleury trabalhou, mas eu vou mudar."
DONA-DE-CASA
``É bem dividido lá em casa. O Mário da porta para dentro tem tudo de colher. Da porta para fora ele faz a política dele. A minha mãe formou as filhas dela para dona-de-casa. E morreu feliz de ver as três filhas dela donas-de-casa. Bordar, cozinhar, etc.. Não sou uma dona-de-casa contrariada, não, mas admiro as mulheres que trabalham fora. Na verdade eu sou de uma parte mais alegre. Em casa já chega um sério. O Mário é sério demais, ele se preocupa demais. Eu tento pôr a vida mais alegrinha, sabe? Uma música gostosa, contar aquilo que a aconteceu na vida em si, completamente fora da política. Ele está sempre com a cabeça voltada para as preocupações dele. Não sei, o ser humano é um negócio muito complicado. A gente nunca sabe o que vai dentro de cada um. Mas o Mário sempre foi um jovem muito adulto. Eu tento alegrar um pouquinho, sempre procurando apoiar o que ele faz. Eu tenho um orgulho enorme do Mário."
LAZER
``Sou santista. Gosto muito de dia bonito, de sol, de praia, mar, areia. Eu amo isso tudo. Mas pegar um carro e sair pela Imigrantes, batendo papo, isso eu adoro. Também gosto de teatro, de cinema. É difícil o que eu não goste. O Mário adora jogar xadrez com o computador. Qualquer cinco minutos ele senta e joga. Está sempre trabalhando com a cabeça."
RELIGIÃO
``Eu sou católica apostólica romana. Como tenho fé, como acredito, eu fico feliz quando uma pessoa realmente acredita. Porque numa hora triste da vida, você tem alguém para se ancorar. Acho triste quando a pessoa não acredita em nada. Tive muito apoio do espiritismo numa hora difícil da vida, quando a morte chega. Tive muito apoio tanto da Igreja Católica quanto do espiritismo. Agora mesmo eu rezo para que tudo dê certo. Nem sei se posso falar que rezo, né? Mas eu rezo mesmo. Se o Mário ganhar, São Paulo leva uma boa e o Brasil leva."
ABORTO
``Nós tínhamos que fazer uma cruzada para informar a mulher, o jovem, a mãe adolescente. E como eu estou na terceira fase, falo a verdade, não quero tapar o sol com a peneira. Bom seria se a nossa sociedade tivesse um local para cuidar dessa mãe, dando a informação correta e a liberdade para que ela faça o que bem quiser, mas bem feito. Não nesses lugares horrorosos, sem meios de pegar informação. Isso me dói. Tem que mudar. A mulher tem que ter um lugar bem carinhoso, bem bonito, bem decorado para acolhê-la. Essa palavra (aborto) é muito pesada e muito triste de a gente pronunciar. Mas é muito mais triste a mulher ir a qualquer lugar e morrer sozinha. Eu tive uma empregada, a Antonieta, que morreu porque fez um aborto escondida. Perfuraram o intestino dela. Essa pessoa, que tanto carinho deu aos meus filhos, usando até o salário dela para comprar presente para eles, morreu sozinha, desamparada."
DROGAS
``Eu sou contra. O fundamental é a informação, como no caso do aborto. A sociedade tem que acordar, tem que se unir para que isso não aconteça. Mas cada vez está aumentando mais. Não pode continuar assim."
RUTH CARDOSO
``Eu tenho amizade com a Ruth há muito anos. Desde que o Fernando (Henrique Cardoso) voltou para o país e saiu candidato. Não é uma amizade de todo dia. Mas eu vejo a Ruth uma mulher preocupada, também no sentido de dar apoio para a camada social mais sofrida, e tenho certeza de que vamos fazer uma boa parceria. Nunca tivemos divergências. A carência é tão grande que não dá para você ter divergência. Conheço muita gente em Brasília e posso ajudar a Ruth no sentido de enviar nomes de pessoas voluntárias que querem dar uma mão nessa carência."
TERCEIRA-FASE
``Eu estou naquela fase... a terceira fase da vida. Tem a fase dos sonhos, a fase da obrigação e a fase realmente de procurar fazer e dar bom exemplo de tudo o que te acontece. Eu estou nessa fase. Filhos a gente cria, tenta corrigir. Neto, não. A gente namora."

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