São Paulo, terça-feira, 1 de novembro de 1994
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Venda de estoques do governo em leilão contém alta dos preços

SÉRGIO PRADO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O estoque do governo, avaliado em cerca de 5 milhões de toneladas, é o maior responsável pela estabilização dos preços do milho em São Paulo, que na semana passada ficou em R$ 9,00 a saca de 60 quilos.
"Os leilões do governo estão freando o aumento do produto, que tem oferta mínima no interior do Estado", afirma Darci Kato, analista da Bolsa de Cereais de São Paulo.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já anunciou para esta semana a realização de mais um pregão, onde serão comercializadas 300 mil toneladas de milho.
Entre 600 mil t e 700 mil t do produto já foram leiloadas nesta entressafra. Além das reservas oficiais, o mercado está sendo abastecido com sobras das safras do Mato Grosso do Sul e Paraná.
Indústrias do setor, consultadas pela Folha, confirmaram não acreditar que possa ocorrer uma disparada nos preços do milho.
Isto porque as empresas já teriam formado estoques preventivos durante a safra. "Chegamos ao topo do preço. Não passa disto", garante o gerente de uma agroindústria de frango, que preferiu não se identificar.
Kato revela porém que há grande procura do insumo por parte dos segmentos de frangos e suínos, que aceleraram a produção com os olhos voltados para o aumento de consumo nas festas de final de ano (veja texto acima).
Os números da Associação Paulista de Avicultura (Apa) apontam para um acréscimo de 8,73% na produção de carne de frango até o término de dezembro, em relação ao ano passado.
"Em 94 produziremos 3,402 milhões de t, enquanto no ano passado atingimos 3,143 milhões de t", diz José Carlos Teixeira, presidente da Apa.
Deste total, cerca de 500 mil t serão destinadas ao mercado externo. O restante será absorvido pelo mercado interno, que terá, segundo a Apa, consumo per capita de 19 kg, contra 17,5 kg em 93.
O aumento da demanda veio acompanhado de maior preço do frango vivo na granja, que saltou de R$ 0,53 em julho para R$ 0,85 na semana passada.
Enquanto isto, o custo de produção subiu de R$ 0,55 para R$ 0,62 no mesmo período, conforme mostra a coluna Moeda Verde (Veja na pág.2).
Teixeira alega que a alta se deve em parte ao milho, que pulou de R$ 7,80/saca em julho para R$ 9,00/saca atualmente. Mas reconhece haver influência da carne bovina, que está em R$ 35,00 em São Paulo, devido à seca.

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