São Paulo, terça-feira, 1 de novembro de 1994
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Exame vai determinar a sanidade de atirador

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Francisco Martin Duran, 26, o suspeito de ter disparado 30 tiros contra a Casa Branca no sábado passado, está sendo submetido a avaliação psiquiátrica para determinar se ele é capaz de responder à Justiça.
Ele foi acusado ontem em Washington de quatro crimes que podem levá-lo a penas de até 35 anos de prisão: porte ilegal de armas, danos a edifício público, resistência à prisão e uso de arma para cometer violência.
Durante a audiência, Duran, todo vestido de negro, manteve absoluto silêncio. A juíza federal Deborah Robinson ordenou o exame psiquiátrico. Seu resultado será conhecido amanhã, em nova audiência no tribunal.
No automóvel de Duran foram encontradas outra arma, munição e duas cartas. Uma delas tinha forma similar à de um testamento. Policiais acham que Duran acreditava que seria morto após o atentado contra a Casa Branca.
Familiares de Duran afirmaram em Colorado Springs, oeste dos EUA, que ele telefonou para casa há poucos dias e disse que estaria morto antes do final do mês. Duran é casado e tem um casal de gêmeos de cinco anos.
O secretário do Tesouro, Lloyd Bentsen, a quem o serviço secreto é subordinado, anunciou ontem a formação de comissão especial para rever todas as práticas de segurança da Casa Branca e do presidente.
Há seis semanas, um avião monomotor caiu de madrugada no jardim sul da Casa Branca e bateu contra o prédio, logo abaixo do quarto de dormir do presidente Clinton, que não estava em casa.
Bentsen afirmou que está orgulhoso do comportamento do serviço secreto no sábado. Agentes dizem que não abriram fogo contra Duran porque seria quase impossível não atingir alguns dos turistas que estavam perto dele.
O serviço secreto está usando o incidente como argumento para sua antiga reivindicação de fechar ao público a avenida Pennsylvania, uma das principais de Washington e para onde dá a frente norte da Casa Branca.
O rifle semiautomático chinês SKS usado por Duran no atentado teve sua importação proibida este ano. Calcula-se que haja 1 milhão dessas armas em uso no país. Ele custa entre U$S 85 e US$ 190.
Vizinhos e colegas de trabalho de Duran o descrevem como uma pessoa calma e cordial. Ele trabalhava como tapeceiro num hotel depois de ter servido o Exército dos EUA e passado dois anos e meio preso por ter atropelado uma pessoa quando dirigia embriagado.
Nenhuma hipótese para justificar o comportamento de Duran foi até agora levantada pela polícia. Na garagem de sua casa em Colorado Springs, há uma bandeira dos EUA hasteada de cabeça para baixo e em seu carro foi encontrado material de propaganda a favor do uso de armas.

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