São Paulo, quinta-feira, 3 de novembro de 1994
Texto Anterior | Índice

Entenda o que são os eclipses

MARCELO DAMATO
DO ENVIADO ESPECIAL

Eclipse é a ocultação de um astro por outro. No eclipse solar, a Lua "cobre" o Sol. No eclipse lunar, a Terra faz sombra na Lua.
Por exigir que a Lua esteja entre o Sol e a Terra, os eclipses solares só podem acontecer na chamada Lua Nova.
Mas nem todas as Luas Novas são propícias a eclipse. Isso se deve ao fato de que a órbita da Lua em torno da Terra não está no mesmo plano da órbita da Terra em torno do Sol. Isso só acontece de duas a cinco vezes por ano.
Num eclipse, podem acontecer dois tipos de ocultação da luz solar. Se uma parte do disco solar está descoberta, a parte da Terra atingida fica na penumbra (a sombra não é total). A faixa que fica sob o eclipse total permanece na sombra.
Só há eclipses solares totais porque vista da Terra a Lua tem um diâmetro aparente pelo menos igual ao do Sol.

Mistério
Os astrônomos vão tentar desvendar dois dos principais mistérios do Sol. Um deles é a temperatura da coroa solar, de cerca de 2 milhões de graus Celsius.
A ciência ainda não conseguiu explicar o modo pelo qual a temperatura do Sol varia. Ela é de 13 milhões de graus no núcleo, diminui em direção à superfície, onde tem até 6.000 graus, e a seguir sobe na coroa solar, para os 2 milhões de graus.
"Na coroa não há reações nucleares. Essa temperatura é causada por um outro processo", diz o astrônomo Roberto Boczko, também do Instituto Astronômico e Geofísico da USP.
Segundo Boczko, existem várias teorias que tentam explicar a origem do calor da coroa solar. "A mais importante propõe que as erupções solares produzam ondas eletromagnéticas e sonoras que se dissipam na coroa." Esta absorve a energia das ondas e esquenta.
Outro mistério do Sol está ligado às erupções. Não se sabe exatamente por que elas acontecem.
"Acredita-se que isso ocorra porque a energia liberada pelas reações nucleares se propague inicialmente por radiação.
Depois passa a subir para as camadas externas, mais lentamente, por convecção (como o movimento da água dentro de uma panela sobre o fogo). Quando a energia é grande demais, há uma liberação repentina, na forma de ejeção de matéria."

Mais eclipses
O próximo eclipse solar visto do Brasil acontecerá no dia 29 de abril. Na região Norte e na parte norte do Nordeste, ele será do tipo anular –a Lua ficará bem em frente ao Sol, mas seu tamanho aparente será menor do que o solar, deixando passar um anel luminoso. Em quase todo o resto do Brasil, o eclipse será parcial.
Quem quiser ver outro eclipse total e não puder esperar até 2046 –o próximo no Brasil–, poderá visitar o sudeste da Ásia em 24 de outubro do ano que vem. Da área, será possível ver o fenômeno.
(MD)

Texto Anterior: Observação a olho nu pode causar cegueira
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.