São Paulo, quinta-feira, 3 de novembro de 1994 |
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Aumenta o lucro das empresas
FIDEO MIYA
A qualidade dos lucros apresentados pelas estatais, porém, é questionada pelo consultor de investimentos Luiz Antonio Vaz das Neves, da KNA Consultores. São os casos da Vale do Rio Doce e da Telepar (Telecomunicações do Paraná), cujos lucros cresceram 1.189% e 490%, respectivamente, entre o terceiro trimestre de 1993 e o mesmo período de 1994 (ver tabela ao lado). "As empresas estatais, endividadas em moeda estrangeira, estão tendo seus lucros artificialmente inflados com a redução das dívidas causada pela desvalorização de 15% do dólar em relação ao real", ressalva Vaz das Neves. Entre as demais empresas, destacam-se a Aracruz (fabricante de celulose), a Copene (produtos petroquímicos) e a Souza Cruz (cigarros), com lucros de, respectivamente, R$ 181,9 milhões, R$ 86,3 milhões e R$ 52,1 milhões nos primeiros nove meses deste ano. Essas três empresas registraram prejuízos de, respectivamente, R$ 21,1 milhões, R$ 15,5 milhões e R$ 7,3 milhões nos balanços de 30 de junho. No trimestre julho-setembro, os lucros voltaram a aparecer. Segundo Vaz das Neves, a Aracruz e a Copene foram favorecidas pela alta dos preços da celulose e dos produtos petroquímicos no mercado internacional. Já a Souza Cruz foi beneficiada pelos bons lucros da Aracruz, da qual ela é a principal acionista. O Bradesco, maior banco privado brasileiro, fechou o balanço de 30 de setembro último com um lucro líquido de R$ 310 milhões, dos quais R$ 204,2 milhões foram obtidos até 30 de junho e os restantes R$ 105,8 milhões durante os meses de julho a setembro. No terceiro trimestre de 93, o banco apresentou um lucro de R$ 99,8 milhões (convertido pelo valor da URV de 30/9/93), o que mostra um crescimento de 6%. O contraste é dado pelo Banespa, que encerrou o balanço de nove meses deste ano com um lucro R$ 182,5 milhões, dos quais R$ 33,5 milhões foram obtidos no trimestre julho-setembro e que ficaram 12% abaixo dos R$ 37,9 milhões no mesmo período de 1993. Vaz das Neves atribui essa redução dos lucros aos elevados juros que o Banespa foi obrigado a pagar aos grandes bancos privados –Bradesco principalmente– que financiaram os títulos da dívida do governo paulista no mercado interbancário no início do Plano Real. O expressivo resultado da Refripar (Refrigeração Paraná), fabricante de eletrodomésticos (geladeiras, freezers e fornos de microondas), que obteve 99% do lucro de R$ 8,5 milhões no balanço de 30 de setembro último somente no trimestre julho-setembro, deve-se basicamente a dois fatores, segundo Vaz das Neves. O primeiro, explica ele, foi a explosão das vendas de eletrodomésticos nesse período. O segundo foi a capitalização da empresa, com a consequente redução das despesas financeiras. Próximo Texto: Rombo do FCVS será moeda de privatização Índice |
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