São Paulo, sexta-feira, 4 de novembro de 1994
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FHC quer crescimento de 7% ao ano

CLÓVIS ROSSI; SÔNIA MOSSRI
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

SÔNIA MOSSRI
O presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, cravou 7% como a porcentagem "mínima" de crescimento econômico anual necessária para que o Brasil possa "enfrentar a pobreza e as desigualdades regionais".
O número surgiu durante café da manhã que lhe foi oferecido pelos empresários brasileiros que atuam na Argentina e seus parceiros locais.
O presidente eleito admitiu que, no seu primeiro ano de gestão (95), a taxa de expansão ficará aquém do mínimo desejado.
"Será no mínimo igual, mas espero que ligeiramente maior do que a deste ano", afirmou. Ou seja, entre 4% e 5%.
O presidente eleito repetiu uma série de conceitos expostos durante a campanha ou durante a viagem ao Leste Europeu.
Mas introduziu duas novidades:
1 - Anunciou que a recente decisão do BNDES de abrir linhas de crédito a prazos mais longos e com juros mais condizentes com o mercado internacional representa "o começo da desindexação completa da economia brasileira". Não elaborou a idéia.
2 - Defendeu a hipótese de "implantação progressiva" da reforma tributária, que ele próprio definiu como eixo do novo mecanismo de financiamento do Estado.
Explicou que a introdução plena de mexidas nos tributos "não tem volta atrás", o que pode ser negativo, dado que seus efeitos são conhecidos apenas a médio prazo.
FHC falou muito na questão social, mas sempre em termos genéricos.
Sorte
FHC disse a um grupo de mais de 20 intelectuais argentinos, a maior parte de oposicão ao governo Menem, que precisa de "sorte" para diminuir a pobreza e a injustiça social no Brasil.
Durante jantar com amigos sociólogos e economistas argentinos na noite de terça-feira, FHC afirmou que era desconhecido como "intelectual e político" pelos "pobres brasileiros" até a adoção do Plano Real.
Por isso mesmo, ele observou que tem "grande responsabilidade" com esse segmento da população.
O jantar foi organizado pelo presidente da Fundação Simon Rodriquez, Torcuato Di Tella, sociólogo e amigo de FHC há 30 anos. Torcuato discursou durante o jantar, classificando como "milagre" a aliança PSDB-PFL-PTB.
Participaram do jantar conhecidos opositores ao presidente Carlos Menem: Torcuato, Roberto Frenkel, Atílio Boron e Juan Carlos Portantiero. Quase todos conheceram FHC quando ele se exilou no Chile.
Em entrevista a uma emissora de TV argentina, FHC comentou a própria vaidade. "Intelectuais são vaidosos. Políticos também. Creio que sou mais inteligente do que vaidoso."

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