São Paulo, sexta-feira, 4 de novembro de 1994
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Corregedor quebra sigilo de 3 deputados

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

A Corregedoria Eleitoral do Rio determinou ontem a quebra de sigilo bancário dos deputados federais Paulo de Almeida (PSD) e Márcia Cibilis Viana (PDT), do estadual Aluísio de Castro (PPR) e da Liesa (Liga das Escolas de Samba).
Paulo de Almeida, Márcia Cibilis Viana e Aluísio de Castro estão sendo acusados de crime eleitoral por abuso do poder econômico, do poder político e de fraude. A Liesa teve o sigilo quebrado por ser presidida por Paulo de Almeida.
O procurador eleitoral Alcir Molina pediu ainda a cassação do registro de candidatura e a declaração de inelegibilidade de todos os acusados.
O corregedor eleitoral Paulo César Salomão, que determinou a quebra do sigilo bancário, enviou ao Banco Central requerimento de informações sobre a movimentação bancária da Liesa e dos deputados nos últimos dois anos.
Os acusados têm prazo de cinco dias para apresentar defesa ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Com base na defesa dos acusados e nas informações do Banco Central, Salomão apresenta parecer a ser votado pelo plenário do TRE.
A decisão sobre a inelegibilidade pode sair ainda antes do segundo turno das eleições, segundo Molina. "Vamos fazer o possível para que tudo seja resolvido rapidamente", disse Salomão.
Se a decisão do TRE sair depois de 15 de novembro –como é mais provável– e os acusados forem condenados, o procurador Molina disse que pedirá a cassação do mandatos dos que sejam eventualmente eleitos.
Também foi quebrado o sigilo de Emerson Ribeiro de Souza, assessor de Almeida na presidência da Liesa.
Alcir Molina recebeu carta de um eleitor acusando Souza de comprar votos e praticar estelionato para beneficiar o deputado do PSD.
Segundo Molina, Alair Silva, o Chicão, denunciado como membro da quadrilha que fraudou as eleições e foragido da Justiça, é funcionário da Liesa.
Outro lado
O deputado federal Paulo de Almeida disse que vai entrar no TRE com habeas data (recurso constitucional para obtenção de informações em órgãos públicos) para saber que acusações há contra ele. "Em São João de Meriti (base eleitoral do deputado) não teve nenhuma fraude, não tenho nada com isso", disse.
Almeida afirmou que Molina o está perseguindo porque "não deve gostar da Liesa nem de Carnaval". Disse que suas contas e as da Liesa estão à disposição para qualquer investigação.
A deputada federal Márcia Cibilis Viana (PDT-RJ) não foi encontrada pela Folha porque estava em campanha no interior do Estado. Sua assessoria afirmou que o ofício de Alcir Molina ao Banco Central "não tem cabimento jurídico".
A Folha não localizou o deputado estadual Aluísio de Castro.

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