São Paulo, sexta-feira, 4 de novembro de 1994
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O primeiro morto

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

– Traficantes fuzilam um tenente do Exército na entrada de uma favela no Rio.
Foi uma das aberturas do Jornal da Manchete, ontem –em outro dia de diplomacia entre presidente e governador. Veio pouco depois de notícia na mesma direção, do Jornal Bandeirantes, sobre a ameaça do crime organizado, expressa nos seguintes termos:
– Para cada bandido morto, morre um militar.
Um militar que more na terra de ninguém que são as favelas, explicou-se. Um militar como o tenente. Por enquanto, não morreu bandido algum, mas o fuzilamento de ontem, pouco detalhado na Manchete por ter acontecido à noite, avisa sobre o que ainda vem por aí.
"É uma situação para além de difícil", opinou a âncora Márcia Peltier, ela mesma bem tensa. "É explosiva."
Jogo e tráfico
O convênio estabeleceu –e redes como a Globo aceitaram logo. A dissolução do estado e a violência no Rio passaram a ser dadas por responsabilidade única do morro, do tráfico no morro. Nada, por exemplo, de um Castor de Andrade.
O âncora Boris Casoy, no TJ, ontem, tratou de recompor o cenário, com as duas bases maiores "no tráfico e no jogo do bicho". Juntos pelo Rio.
O que propõe FHC
Além dos temas aduaneiros da visita de Fernando Henrique à Argentina, apresentados nos telejornais e sobretudo numa coletiva bocejante, ao vivo na Bandeirantes, surgiram aqui e ali algumas opiniões do eleito sobre o Rio de Janeiro.
Uma primeira foi registrada pela rádio CBN, ainda à tarde. Fernando Henrique estaria atento, preocupado com a ação das Forças Armadas, não por ser contra, até pelo contrário: por acreditar que os militares não podem entrar para perder –arriscando perder.
A segunda foi mais concreta, quanto aos problemas atuais e possíveis soluções. "Falando em espanhol", em entrevista ao canal 9, de Buenos Aires, o presidente eleito teria garantido que o Exército "não vai invadir as favelas do Rio".
Mais importante, como citou o Jornal da Record, o único a registrar a declaração, o tucano "disse que tem que haver um esforço nacional para salvar o Rio de Janeiro e sugeriu que a cidade vire centro de produção de alta tecnologia".
Alta tecnologia é sinônimo de telecomunicações, hoje.

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