São Paulo, sexta-feira, 4 de novembro de 1994
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Cresce 71% o uso de coca entre os estudantes

DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de estudantes de 1º e 2º graus que usaram cocaína pelo menos uma vez na vida aumentou 71,4% entre 1989 e 1993, nas dez maiores capitais brasileiras, principalmente em São Paulo.
Esse é um dos resultados da terceira pesquisa do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), divulgada ontem pelo ministro Alexandre Dupeyrat (Justiça), em Brasília.
A pesquisa mostra que 1,2% dos 24.634 estudantes entrevistados já usaram cocaína e derivados pelo menos uma vez. Em 89, esse índice era de 0,7%.
O uso eventual de maconha e anticolinérgicos (plantas como o lírio e medicamentos como Bentyl e Artane) também teve aumento significativo, segundo o Cebrid.
O percentual de usuários (pelo menos uma vez) de maconha subiu de 3,4% em 89 para 4,5% em 93 e o de anticolinérgicos, de 1% (89) para 1,4%. O único grupo com uso em queda significativa é o dos barbitúricos (soníferos): de 2,1% em 89 para 1,3%.
Em 93, 22,8% dos estudantes já haviam usado algum tipo de droga pelo menos uma vez. Esse índice, em 89, foi de 26,3%. Para os pesquisadores do Cebrid, a queda entre 89 e 93 é insignificante, porque os índices continuam superiores aos de 87 (21,1%), quando foi feito o primeiro levantamento.
São Paulo é a cidade com maior índice de estudantes que já experimentaram drogas (27,3%), seguida por Recife (27,1%), Belo Horizonte (26,2%), Fortaleza (23,8%) e Rio de Janeiro (23,4%).
Os solventes (cola de sapateiro, esmalte) continuam sendo as drogas mais conhecidas pelos estudantes, em todas as dez capitais. Em segundo lugar, vêm maconha e os ansiolíticos (tranquilizantes, como Diazepam e Valium).
A pesquisa aponta aumento significativo no uso eventual de maconha em sete capitais. Em São Paulo, Curitiba, Belém, Belo Horizonte e Porto Alegre, houve aumento no consumo de cocaína.
O uso de crack, um derivado da cocaína, só foi apontado em São Paulo. O índice de estudantes paulistanos que usaram cocaína (ou derivados) pelo menos uma vez saltou de 1,3% em 89 para 2,5%.
Segundo a pesquisa, a iniciação ao uso de drogas é muito precoce. Na média das dez capitais, 15% dos estudantes na faixa etária dos 10 aos 12 anos já usaram algum psicotrópico (exceto álcool). Em São Paulo, o índice é de 20,8%.
Antes de completar 13 anos, segundo o Cebrid, 64% dos estudantes brasileiros já usaram bebidas alcoólicas e outros 9,7%, cigarros.
Entre os estudantes brasileiros, 3,1% são usuários frequentes (mais de seis vezes por mês) de drogas. Em 89, esse índice era de 3,5% e em 87, de 2,7%..

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