São Paulo, sexta-feira, 4 de novembro de 1994
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Argentinos repudiam o apoio de Carlos Menem à repressão militar

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Políticos de oposição, entidades defensoras dos direitos humanos e personalidades ligadas ao Judiciário criticaram ontem o presidente argentino, Carlos Menem, por seus elogios à atuação das Forças Armadas na "guerra suja" ocorrida no regime militar de 1976-83.
"Graças à presença das Forças Armadas, triunfamos nessa 'guerra suja' que colocou nossa sociedade à beira da dissolução", disse Menem na quarta-feira numa palestra a 500 oficiais do Exército.
"Temos de estudar se essa declaração não se enquadra como apologia de um delito contemplado no Código Penal", reagiu Emilio Mignone, do Centro de Estudos Legais e Sociais.
Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz de 1980, afirmou que "a apologia" de Menem ao terrorismo de Estado é uma forte incitação à violência.
O movimento das Mães da Praça de Maio (parentes dos mais de 9.000 "desaparecidos" do regime militar) acusou o presidente de falsear a verdade histórica e exigiu uma "retratação imediata".
Para o ex-juiz Ricardo Gil Lavedra (que integrava a Corte Suprema em 1985, quando os ex-comandantes militares foram condenados por suas atrocidades), "a declaração foi no mínimo infeliz".
O deputado de esquerda Carlos "Chacho" Alvarez afirmou que "Menem se pôs ao lado dos que violaram os direitos humanos".
Simón Lázara, porta-voz do ex-presidente Raúl Alfonsín, disse que Menem "não tem autoridade moral para se contrapor à condenação da Justiça aos militares e ameaçou excluí-lo da Assembléia Permanente de Direitos Humanos, que ambos presidem".

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