São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994
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Divergências cancelaram ações

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Conflitos internos entre os ambientalistas do Greenpeace, durante a viagem pela Amazônia, foram responsáveis pelo cancelamento de ações diretas bem mais audaciosas do que as que foram realizadas.
O fato comprometeu o objetivo da campanha: gerar fatos que chamassem a atenção da opinião pública para a devastação da floresta.
O principal ponto de divergência foi quanto ao radicalismo das ações diretas realizadas no país, entre elas a paralisação do carregamento de dois navios, nos portos de Santarém e de Belém.
Eles acreditavam que assim ganhariam maior destaque na imprensa, amplificando as denúncias de devastação das florestas.
No outro extremo, os coordenadores da entidade no Brasil defendiam que ações radicais não seriam bem compreendidas no país e que as prisões não eram positivas para a imagem da entidade.
O ponto máximo do conflito deixou o espaço reservado das reuniões e explodiu durante a última ação direta do grupo, quando os ativistas pararam por uma hora o carregamento de madeira em um navio da Ilha de Malta no porto de Belém, na quarta-feira passada.
No final da ação, aconteceu uma espécie de "protesto dentro do protesto". Três militantes –dois estrangeiros e um brasileiro– que queriam continuar a ação até um enfrentamento com a polícia se recusaram a sair de cima de uma pilha de madeira.
A pilha foi cercada por coordenadores da entidade, que levaram alguns minutos para convencer os três a deixarem o local.
O norte-americano Kevin Downing, 39, e o brasileiro Flávio Pinheiro, 23, eram os mais radicais. Downing, há 13 anos no Greenpeace, é o membro mais antigo e experiente em ações diretas entre os que estão no país.
Na reunião que precedeu a última ação, Downing se ofereceu para assumir as responsabilidades legais pelo ação. A proposta não foi aceita. Pinheiro é carioca e recebeu treinamento para as ações nos EUA. Ele trancou o último ano da faculdade de biologia para participar do treinamento e da viagem.

LEIA MAIS
Sobre a viagem do Greenpeace na pág. 9
O jornalista LUIS HENRIQUE AMARAL viajou a convite do Greenpeace.

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