São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994
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Entidade queria 'sequestrar' navio

DA REPORTAGEM LOCAL

O plano incial para o protesto do Greenpeace no porto de Belém previa o "rapto" de um navio da Ilha de Malta que estava carregado de madeira para a Europa.
A coordenação da entidade se opôs ao plano, preparado pelo time de ação, e ele foi cancelado.
Inicialmente, o porto deveria ser fechado com ativistas acorrentados no portão. O navio maltês teria suas amarras cortadas e seria rebocado pelo MV Greenpeace até o meio do rio Pará, quando seria estendida a faixa de protesto.
O plano foi cancelado na manhã da própria quarta, gerando reclamações do time de ação. O protesto se resumiu a uma faixa esticada entre dois guindastes do porto e à pixação de pilhas de madeira.
Além do "protesto interno", outra cena constrangedora marcou a ação em Belém.
O diretor da Companhia Docas do Pará, responsável pelo porto, Kleber Menezes, se aproximou de um dos coordenadores da ação e disse que havia chamado a PF.
O coordenador sorriu, prevendo possivelmente que a ação da polícia causaria maior repercussão.
O ativista parou de sorrir com a frase seguinte do diretor do porto: "Mas não precisa se preocupar. Eu vi que o protesto era pacífico e liguei de novo dizendo que não precisava vir".
Em consequência do protesto no porto de Santarém, a PF notificou o MV Greenpeace para que deixasse o país em 72 horas. A ação foi suspensa por uma liminar na Justiça, mas gerou manchetes em quase todos os jornais do país.
O conflito entre o grupo das ações radicais e a coordenação do Greenpeace levou à suspensão também de um protesto contra o corte de árvores na região do rio Jari (Amapá). Segundo plano inicial, a ação deveria ter ocorrido na manhã da última quarta-feira.
O protesto era considerado pelos integrantes do time de ação o mais audacioso e que causaria a maior repercussão internacional.
Além do protesto no Jari, outras duas ações diretas que estavam programadas não aconteceram.
Uma delas pretendia impedir a entrega de mercúrio importado em algum dos portos da Amazônia.
Ela não ocorreu porque a sede do Greenpeace, na Holanda, não conseguiu os nomes dos navios que estariam trazendo o produto, que é usado para purificar o ouro nos garimpos e polui os rios.
A segunda ação seria a paralisação de um navio de pesca predatória. Seria usado um fio especial que, ao se enrolar na hélice do barco, pára o motor. O MV Greenpeace não encontrou um navio que praticasse esse tipo de pesca.

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