São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994 |
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O enrosco das âncoras
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
Nunca se viu um barco tão ancorado. Pelo menos um barco brasileiro. Cada economista chegou a ter uma visão particular da estrutura do plano, atribuindo maior importância a esta ou aquela âncora. Dependia apenas do ângulo de visão. O tempo foi passando. E as várias âncoras foram puxando o barco, cada uma para um lado diferente. Enroscaram-se. Ficou evidente a incapacidade de convivência da âncora cambial com a monetária. Embora, é bom que se diga, a chamada meta monetária não passou de um erro. Pois era impossível medir (ou prever) a quantidade de reais exigida pela economia sem inflação. Quando se viu que a necessidade era maior que a prevista, chegou-se a discutir no mercado a possibilidade de reduzir o compulsório dos bancos sobre depósitos à vista (a parte dos recursos que os bancos tinham que depositar no BC) para alcançar a tal meta. É pitoresco. Com a medida, salvadora da meta, o BC perdia o controle sobre o grau de monetização da economia. Afinal, por definição, compulsório é dinheiro que dorme no BC. Na área cambial –âncora considerada, por muitos, como a viga-mestra–, o BC resistiu. Mas, no final, para impedir que o dólar (quase escalado pela conjuntura como "moeda podre" para o programa de privatização) despencasse mais, foi obrigado a comprar a moeda. Emitiu reais, o que disse, de pés juntos, não faria. Continua emitindo até hoje. E, para muitos, esta é a única certeza até o próximo ano. A conversa de dois analistas é sintomática. O primeiro dizia, depois das últimas medidas do governo (inclusive da alta dos juros), que não conseguiu entender aonde a equipe econômica queria chegar. O outro respondeu: em janeiro. Hoje, excepcionalmente, deixamos de publicar a coluna de LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS. Texto Anterior: Projeção vai a 3,83% brutos Próximo Texto: Os últimos continuam sendo os primeiros Índice |
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