São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994 |
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Bancos aprimoram o controle de crédito
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
Para pessoas físicas os critérios são estatísticos. Para empresas, a avaliação é feita caso a caso. No banco Noroeste, quando os dados cadastrais de um novo cliente entram no computador, o gerente da conta já é informado do montante que poderá emprestar. Custoso foi desenvolver o "software" (o programa do computador que faz estas contas), diz o diretor do banco, Leocádio Geraldo Rocha, também diretor de operações bancárias da Febraban (a federação dos bancos). Pelas fichas cadastrais, o programa estabelece o score atingido pelo cliente, que coresponde a um montante de crédito. Nas linhas para pessoas físicas, diz Alexandre Zakia Albert, do banco Operador, os limites são estabelecidos de forma estatística. "A inadimplência é também estatística, variando de 2% a 4%". Para ele, os programas dos bancos, que são variados, no fundo procuram estabelecer, de acordo com os dados cadastrais, qual é a renda disponível do cliente. O acompanhamento sistemático permite o aumento da disponibilidade de crédito ou, caso o cliente tenha seu nome inscrito do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) ou tenha emitido um cheque sem fundos, o cancelamento das linhas. No caso das empresas, os procedimentos são diferenciados. Zakia diz que é fundamental um bom histórico no mercado e conta pontos o relacionamento global mantido com o banco. "Não se empresta dinheiro a quem não se conhece", diz Leocádio Geraldo Rocha, para depois completar: "Os bancos têm a obrigação de zelar pelos recursos de seus aplicadores." Conhecer, no caso, responde a critérios qualitativos e quantitativos, como explica o vice-presidentedo Banco de Boston, Ted Seidl. Por qualitativo, deve-se entender a avaliação que é feita das perspectivas do setor em que atua a empresa (de crescimento ou decadência) e da própria empresa, a forma de conduta dos acionistas e a qualidade da gestão. "Para nós, isto é extremamente importante." Nos critérios quantitativos, avalia-se o balanço da empresa. Mas Seidl diz que o mais relevante é o fluxo de caixa. "Isto é que vai dizer a capacidade da empresa de fazer frente às suas obrigações." Rocha completa afirmando que as garantias "são sempre um acessório. Elas não asseguram, de fato, a liquidez da operação". Feita a avaliação qualitativa e quantitativa, o Boston atribuiu uma nota ao risco de crédito, que vai de um a dez (um é o menor risco). "Dependendo da qualidade da empresa é estabelecido um limite para as operações, que é válido por um período de um ano." Esta pontuação permite que o banco gerencie o risco da sua carteira de empréstimos. Quanto maior o risco, maior a possibilidade de ganhos (os juros são mais altos) ou de perdas (inadimplência). No caso do Boston, só 2% da carteira está comprometida com empresas nota seis ou mais altas. No Noroeste, as provisões atingem 0,4% da carteira total. (JCO) Texto Anterior: Estão esquecendo os fundamentos Próximo Texto: Lojas ampliam número de prestações Índice |
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